A pista de patinação no gelo de um centro comercial de Madri funcionará como necrotério a partir dessa segunda-feira (23) para armazenar corpos de pessoas mortas devido ao coronavírus, disseram autoridades da região.
"Começaram os trabalhos para permitir que as instalações cedidas no Palácio de Gelo sejam preparadas para receber corpos e, assim, facilitar o trabalho dos serviços funerários nessa situação excepcional", informou o governo regional de Madri.
O local começará a funcionar como um necrotério "nas próximas horas", acrescentou a região.
Esta é "uma medida temporária e extraordinária que visa fundamentalmente mitigar a dor das famílias das vítimas e a situação registrada nos hospitais de Madri", acrescentou.
A prefeitura de Madri indicou nesta segunda-feira que a companhia funerária municipal já não era mais capaz de receber cadáveres porque não possuía equipamento de proteção para seu pessoal.
A pista de patinação está localizada perto do Ifema, um centro de convenções transformado em hospital de campanha com 1.500 leitos e que pode receber 5.500 pessoas.
A Espanha registrou um aumento de mais 462 mortes em 24 horas em decorrência da pandemia de coronavírus, elevando o saldo total para 2.182 mortes, mais da metade (1.263) somente em Madri.
Idosos abandonados
Militares espanhóis encontraram idosos abandonados, inclusive alguns mortos em suas camas, em casas de repouso afetadas pela pandemia do novo coronavírus, segundo a ministra da Defesa, Margarita Robles.
"Vamos ser implacáveis e firmes em relação ao tratamento que se tem tido com os idosos nesses espaços. Em algumas visitas, o Exército viu idosos absolutamente abandonados, quando não mortos em suas camas", disse ao canal de TV espanhol Telecinco.
O Exército tem se encarregado de intervir e desinfetar lares de idosos, depois que dezenas de mortes ocorrerem nesses estabelecimentos, principalmente nas regiões de Madri e Castilla-La Mancha, no centro do país.
Diante das "situações extremas e más condições de salubridade" de alguns lares de idosos e a verificação de "moradores falecidos", o Ministério Público anunciou que abriria uma "investigação com objetivo de determinar a gravidade dos atos e suas possível relevância penal".