Pela primeira vez na Grã-Betanha o DNA de um gato é usado como prova em um julgamento criminal.
A Universidade de Leicester criou o primeiro banco de dados de DNA de gatos para ajudar a policia numa investigação de homicídio.
Pelos de gato foram achados em uma cortina que cobria o tronco desmembrado de um homem encontrado numa praia no sul da Inglaterra em julho.
O banco de dados, que ajudou a policia a condenar o dono do gato por homicídio, será publicado e aperfeiçoado para ajudar em investigações criminais no futuro.
O DNA de gatos já havia sido usado em investigações nos Estados Unidos e no Canadá.
"Marcas involuntárias"
Jon Wetton, que chefiou o projeto, disse: "Donos de gatos sabem que seus pelos estão absolutamente por toda parte. Isso pode ser um benefício real para a ciência forense, já que os 10 milhões de gatos da Grã-Betanha deixam marcas involuntárias nas roupas e móveis em mais de um quarto das casas do país."
A identificação genética foi descoberta por Alec Jeffreys, também da Universidade de Leicester, em 1984. E o DNA foi usado pela primeira vez como prova em uma investigação criminal em 1988.
Além de ser utilizado em futuras investigações, o banco de dados de DNA de gatos poderá ser usado também em casos que não foram solucionados.
Um artigo sobre o projeto será publicado em uma revista sobre ciência forense no final deste ano ou início do ano que vem.
"A polícia teve sorte"
Wetton disse que o banco de dados pode ser aprimorado no futuro para ser usado de forma mais eficiente.
Para a estudante de doutorado Barbara Ottoloni, que trabalhou na criação do banco de dados, "a polícia teve sorte nesse caso, já que a maioria dos tipos mitocondriais são comuns quando testados com a técnica que utilizamos aqui".
O DNA mitocondrial é compartilhado por todos os gatos maternalmente relacionados, o que significa que a polícia não poderia excluir que os pelos vieram de outro gato.
A Universidade de Leicester criou um banco de dados de DNA de 152 gatos, incluindo 23 de Southsea, usando amostras de sangue colhidas por veterinários. Apenas três amostras bateram com os pelos encontrados no cadáver, o que ajudou na solução do crime.
"Nós gostaríamos de utilizar métodos de ponta de sequenciamento de DNA para identificar variações no DNA mitocondrial de gatos, e maximizar o poder discriminatório das provas."
Mark Jobling, que coordena o laboratório onde o trabalho do banco de dados foi feito, disse que "o banco de dados atual é adequado para dar uma visão geral da diversidade de DNA de gatos na Grã-Betanha, mas se tivermos um banco de dados maior será melhor."
"Se mais amostras fossem necessárias, precisaríamos da ajuda de uma empresa que faz diversos testes veterinários em amostras de sangue de gatos toda semana."