A polícia da Malásia reprimiu com gás lacrimogêneo e canhões de água um grande protesto em Kuala Lumpur, neste sábado (28). Milhares de pessoas foram às ruas para exigir reforma eleitoral.
Segundo o site independente Malaysiakini, cerca de 50 mil pessoas participaram da manifestação, que pretendia chegar à Praça da Independência.
Mas as autoridades declararam o protesto não poderia ocorrer no local, e colocou cerca de dois mil policiais no perímetro da área. Houve enfrentamento, mas não há informações sobre feridos.
A manifestação foi convocada pelo grupo Bersih (Limpo, em malaio), que em julho do ano passado realizou outro protesto para pedir eleições livres e limpas. Daquela vez, a polícia usou a força, e o saldo foi de um manifestante morto e cerca de 1.700 detidos.
O vice-presidente do Bersih, Ambiga Sreenevasan, disse neste sábado que se tratava de uma manifestação pacífica que tentaria chegar até onde as autoridades permitissem e que ali os participantes se sentariam em sinal de protesto.
A passeata terminou com todos sentados diante do cordão policial, após o que Ambiga pediu aos concentrados que se dispersassem, mas alguns deles tentaram levantar as barreiras da polícia e chegar à área isolada.
Segundo o jornal "The Star", a polícia respondeu lançando gás lacrimogêneo e utilizando canhões de água contra os manifestantes, alguns dos quais foram detidos.
Após o protesto do ano passado, o governo do primeiro-ministro Najib Razak criou uma comissão parlamentar que propôs algumas reformas no sistema eleitoral, como a revisão do censo e garantias para uma igualdade de acesso aos meios de comunicação.
Bersih e os partidos da oposição consideram estas propostas insuficientes e pedem uma reforma da comissão eleitoral, à qual acusam de favorecer a coalizão governante.
O governo da Malásia esteve em poder da Frente Nacional, liderada pela Organização Nacional para a Unidade Malaia (UMNO), desde a independência em 1957, e o primeiro-ministro sempre foi um membro da UMNO.
No entanto, nas eleições de 2008, a oposição conseguiu um resultado histórico ao ganhar um terço das cadeiras do Parlamento, assim como os governos de cinco estados e o da capital.
A coalizão opositora assegura que pode vencer a coalizão governante nas próximas eleições - previstas para o ano que vem, mas que podem ser remarcadas para este ano - se as reformas permitirem um pleito justo e livre.