O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, afirmou nesta quinta-feira que as forças especiais americanas tiveram envolvimento na morte do ex-ditador líbio Muammar Gaddafi, que foi morto depois de ter sido capturado pelos insurgentes opositores.
"Drones, principalmente americanos, atacaram o comboio [de Gaddafi]" declarou o premiê em entrevista transmitida ao vivo pela televisão russa.
"Depois, com seus rádios, por meio das forças especiais que não deviam estar ali, chamaram a pseudo oposição e os combatentes que o eliminaram sem julgamento e sem investigação", completou.
Putin acrescentou que graças a essa ajuda ocidental, "eliminaram Gaddafi sem julgamento e sem investigação".
A Rússia havia criticado com veemência as operações militares que a Otan realizou na Líbia e as definiu como uma "cruzada". Na visão do país, os ataques aéreos não tinham respaldo na resolução da ONU, que apenas mencionava a necessidade de respeitar uma zona de exclusão aérea e ainda proibia a presença de tropas estrangeiras em solo líbio.
Pouco após a morte de Gaddafi, o chanceler russo, Serguei Lavrov, já havia questionado a legalidade do ataque aéreo ao comboio onde o ex-dirigente líbio era transportado, que terminou na captura e morte do ditador. A Otan afirmou, na ocasião, que não sabia que Gaddafi se encontrava no comboio atacado.
Em resposta às críticas pela falta de liberdade na Rússia, o premiê questionou o caráter democrático dos princípios promulgados pelo Ocidente.
"A todo o mundo mostraram imagens do assassinato [de Gaddafi], todo ensanguentado. Isso é democracia?", declarou Putin, que defendeu que o povo líbio deveria ter tido a oportunidade de decidir sobre o destino de seu ex-líder por via democrática.
Putin disse que as imagens da morte do ditador líbio lhe causaram "repugnância" e criticou os meios de comunicação ocidentais por falta de moralidade.
A Rússia defende que Gaddafi deveria ter sido preso e que sua morte nas mãos dos rebeldes líbios é uma violação do direito internacional.
ELEIÇÕES
Na mesma entrevista, Vladimir Putin rebateu os questionamentos sobre os resultados das eleições legislativas de 4 de dezembro na Rússia e afirmou que eles refletem o "estado das forças no país", acrescentando que seu partido, a Rússia Unida, venceu o pleito de forma justa.
"A oposição sempre dirá que as eleições não são honestas. Isto é o que acontece em todas as partes e em todos os países", declarou Putin na TV, ao ser questionado sobre os protestos sem precedentes registrados na Rússia após as eleições.
A oposição russa denuncia fraudes nas eleições e exige que os resultados sejam invalidados.
Putin propôs que, nas próximas eleições presidenciais de março, todos os colégios eleitorais adotem a utilização de câmeras com transmissão pela internet para que a população possa acompanhar o processo de votação em tempo real e prevenir possíveis falsificações.