As primeiras pesquisas feitas após o segundo debate presidencial nos Estados Unidos indicam vitória do atual líder e candidato à reeleição, o democrata Barack Obama, embora por uma margem mais estreita que a do triunfo obtido por seu rival republicano, Mitt Romney, no primeiro encontro dos dois.
Segundo a enquete realizada pela cadeia "CNN", 46% dos cidadãos consideram que Obama ganhou o segundo dos três debates presidenciais, enquanto 39% acreditam em vitória de Romney nesta terça-feira (16) em Hampstead (Nova York).
Além disso, questionados se o presidente dos EUA teve participação melhor que a do primeiro debate, realizado em Denver (Colorado), 73% disseram que sim.
A pesquisa feita pela cadeia "CBS" também mostra Obama como vencedor do encontro desta terça-feira. Essa é a opinião de 37% dos eleitores ouvidos para a produção da enquete, enquanto 30% preferiram Romney e 33% enxergaram empate.
Debate acalorado
O encontro desta terça-feira foi na Universidade Hofstra, em Hempstead, Nova York, que também sediou o debate final entre Obama e o senador republicano do Arizona, John McCain, nas eleições de 2008. Ele foi moderado pela âncora do programa da CNN "State of the Union", Candy Crowley, que precisou interromper os dois contendores algumas vezes.
O debate foi em formato de "encontro com eleitores", com os candidatos mais soltos, andando pelo palco e não atrás de uma bancada, como no anterior. Os indecisos, eleitores do condado de Nassau selecionados pelo Instituto Gallup, questionaram diretamente os oponentes sobre vários temas da política americana.
Durante o confronto, os candidatos se acusaram mutuamente de não dizer a verdade, usaram o sarcasmo e levantaram a voz diversas vezes, interrompendo-se, ao discutir economia, energia e o atentado contra o consulado norte-americano em Benghazi, na Líbia, em um confronto bem mais empolgante que o anterior em Denver, Colorado, em 3 de outubro, vencido por Romney segundo analistas e eleitores.
Obama cumpriu o prometido e, desta vez, ao contrário do que fez no primeiro debate, no qual foi tímido, partiu para o ataque contra o oposicionista, acusando-o de deturpar os fatos de seu governo e de ser o candidato dos ricos nesta campanha presidencial.
O republicano rebateu atacando a política econômica do primeiro mandato do democrata, que tenta a reeleição. Por várias vezes, Romney pediu à mediadora mais tempo para responder.
Economia
Na primeira pergunta, um estudante questionou Romney sobre como lidar com suas expectativas para obter o primeiro emprego.
Romney aproveitou a deixa para já começar criticando a política econômica de Obama. "É inaceitável que a metade dos estudantes que se formam hoje não encontre um trabalho", disse.
O republicano disse que fará o necessário para aumentar o nível de emprego. "A economia não vai ser como foi nos últimos quatro anos", disse. "A classe média foi esmagada."
Obama felicitou o jovem eleitor Jeremy pelo fato de ele estar investindo em educação e lembrou dos cerca de 5 milhões de empregos privados criados nos últimos meses, durante sua administração.
O presidente voltou a lembrar a frase de Romney sobre "deixar as empresas falirem", em uma referência à indústria automobilística, e acusou o republicano de ter um programa de governo que "favorece os mais ricos" e não pensa em todos os americanos.
"O governador Romney diz que tem um plano de cinco pontos. Ele não tem um plano de cinco pontos. Ele tem um plano de um ponto e este é assegurar que aqueles que estão no topo entrem no jogo com regras diferentes. Esta tem sido sua filosofia no setor privado, esta tem sido sua filosofia como governador e esta tem sido sua filosofia como candidato à Presidência",disse Obama.
Romney tentou se defender da acusação sobre "deixar as empresas falirem", mas foi imediatamente atalhado por um Obama confiante. O opositor tentou retrucar, mas foi impedido pela mediadora.
Questão energética
A segunda pergunta foi sobre o preço dos combustíveis, considerado alto e um dos pontos sensíveis para a classe mpedia.
Obama afirmou que aumentou a produção de petróleo, gás natural e carvão e que também olhou para o futuro, pensando nas fontes não-tradicionais de energia.
Segundo ele, isso contribuiu para diminuir as importações americanas de petróleo, contribuindo para seu objetivo de que o país "controle sua própria energia".
Obama voltou a atacar Romney, criticando o fato de o republicano supostamente acreditar que "as empresas devem cuidar da energia", o que, para ele, não constituiu um plano de governo.
"Quando você era governador de Massachusetts, você esteve em frente a uma usina de carvão, apontou para ela e disse que essa usina mata... E agora, de repente, você é um grande campeão do carvão", disse Obama, que também acusou Romney de querer "deixar as companhias de petróleo escreverem a política energética" do país.
Romney rebateu Obama dizendo que a produção energética caiu nos últimos quatro anos e disse que é possível aproveitar as fontes de energia de maneira ecologicamente correta e mantendo os empregos.
Ele prometeu que, se eleito, irá conduzir o país à "independência energética" em um prazo de oito anos.
Após uma intervenção da mediadora, o debate esquentou, com os candidatos se interrompendo e se acusando mutuamente de mentir sobre a questão energética.
Impostos
A terceira eleitora selecionada perguntou sobre os impostos para a classe média.
Romney voltou a dizer que a classe média está sendo "soterrada" pelos impostos, perdendo poder de compra durante o governo de Obama. Ele frisou que quer baixar as taxas para todo mundo e dar incentivos fiscais para a classe média.
Obama afirmou que já diminuiu os impostos da classe média e que isso não vai mudar em um segundo mandato seu. Ele voltou a dizer que quem ganha mais pode pagar mais, e acusou a bancada republicana de o ter impedido de aplicar taxação maior para os mais ricos no seu primeiro mandato.
Romney apelou para o discurso de que veio da iniciativa privada e sabe como os empregos surgem e desaparecem, prometendo aliviar a situação fiscal das empresas.
Obama retrucou criticando a suposta inconsistência da proposta fiscal de Romney, dizendo que "as contas não fecham" e que as propostas de Romney são "papo de vendedor".
O republicano voltou à carga criticando o déficit do governo Obama, dizendo que o democrata quer levar os EUA "no caminho da Grécia", em uma referência à crise da dívida grega.
O republicano também se vendeu como um bom administrador, o que teria provado com sua atuação tanto na iniciativa privada como no governo de Massachusetts.
Romney voltou a afirmar, como no debate anterior, que quer criar mais acordos comerciais com a América Latina para acelerar a recuperação econômica.
Mulheres e trabalho
A quarta pergunta foi sobre a diferença dos salários entre homens e mulheres.
Obama começou a resposta lembrando da trajetória de vida de sua mãe e de sua avó.
O republicano afirmou que deu o exemplo na questão, colocando mais mulheres em seu governo.
Ele aproveitou a deixa para voltar a criticar a situação da economia e do emprego sob a gestão Obama.
O presidente democrata voltou à carga lembrando da necessidade de garantir o acesso à saúde para as mulheres que trabalham e acusou Romney de ter sido contra o apoio às trabalhadoras grávidas.