O extremista Anders Behring Breivik, julgado pela morte de 77 pessoas, passará grande parte da vida na penitenciária de Ila, reformada com grandes medidas de segurança para recebê-lo, independente se for condenado na sexta-feira à prisão ou a uma internação psiquiátrica.
A grande dúvida no processo de Breivik é sobre sua saúde mental. Com relatórios psiquiátricos contraditórios, a justiça norueguesa deve decidir se o extremista de direita é penalmente responsável por seus atos ou não.
Em qualquer caso, por motivos de segurança, o assassino deverá cumprir a pena na prisão de Ila, a 10 km de Oslo. "Estamos preparados para receber Anders Behring Breivik, se for condenado à prisão ou à internação psiquiátrica", declarou o diretor da penitenciária, Knut Bjarkeid.
Em 22 de julho de 2011, Breivik matou 77 pessoas, oito em um atentado com bomba contra a sede do governo en Oslo e 69 ao abrir fogo contra o acampamento de verão da Juventude Trabalhista na ilha de Utoya.
Para receber o autor dos crimes de magnitude sem equivalentes na Noruega desde a Segunda Guerra Mundial, a penitenciária passou por obras, que incluíram a construção de um pequeno hospital psiquiátrico.
Se o extremista de 33 anos for condenado na sexta-feira a uma pena de prisão, pode ser levado para uma cela muito similar a que ocupa desde a detenção, separado dos demais prisioneiros, ao menos em um futuro próximo. Em Ila, ele dispõe de três celas de oito metros quadrados cada, incluindo uma para exercícios físicos e outra que foi transformada em área de trabalho com um computador preso a uma mesa.
O computador não tem conexão com a internet para evitar contatos com o mundo exterior, mas, segundo o jornal Verdens Gang (VG), contém uma versão offline da enciclopédia Wikipedia. "É uma máquina de escrever melhorada", explicou à AFP uma das diretoras da penitenciária, Ellen Bjercke. No entanto, ela afirmou que não é certo que Breivik, que afirma desejar escrever livros na prisão, possa conservar o computador depois da condenação.
Em maio, o VG provocou polêmica ao informar que a direção de Ila pretendia pagar a algumas pessoas para fazer companhia a Breivik, como por exemplo para jogar xadrez com ele, para romper um isolamento que poderia ser condenado pela Corte Europeia de Direitos Humanos.
"Um mal-entendido", disse Bjercke, que desmentiu a informação. "A ideia é multiplicar os contatos com os funcionários do sistema penitenciário que serão responsáveis por fazer exercícios com ele, conversar com ele", explicou.
No caso de internação psiquiátrica, uma possibilidade que desagrada Breivik, por temer que tal decisão desacredite sua ideologia nacionalista e contrária ao islã, será recebido em um pequeno hospital que ficará pronto até o fim de 2013 em Ila.
A segurança das clínicas psiquiátricas existentes é considerada insuficiente para receber o extremista. Apesar de estar fisicamente numa prisão, Breivik viveria cercado por funcionários especializados e sob regime médico, mas igualmente sob drásticas medidas de segurança.