Manifestantes pró-Palestina entraram em confronto com a polícia neste sábado em Paris. Eles protestavam contra os ataques de Israel sobre a Faixa de Gaza que, segundo organizações humanitárias, já deixou pelo menos 300 mortos.
De acordo com a polícia, cerca de 3 mil pessoas participaram do protesto em Barbès, bairro de população majoritariamente árabe na capital francesa. A passeata havia sido proibida pelas autoridades, mas organizadores do evento ignoraram o veto.
Manifestantes seguravam cartazes e gritavam a todo tempo palavras de ordem contra Israel, como "Israel assassino, Hollande (presidente da França) cúmplice".
Pouco tempo depois do início do protesto, houve confronto com a polícia. Os manifestantes queimaram carros, pneus, latas de lixo e duas bandeiras de Israel. Também lançaram pedras e até pedaços de asfalto arrancados da calçada contra os policiais, que responderam com bombas de gás lacrimogênio.
Segundo a polícia, 33 manifestantes foram presos até agora. O número, entretanto, ainda pode subir.
No último domingo, outro protesto em apoio à causa palestina também terminou em confronto com a polícia. Manifestantes tentaram invadir duas sinagogas na capital francesa e foram reprimidos pelos policiais.
Proibição
A proibição ao protesto partiu da Secretaria de Segurança Pública de Paris após uma orientação do governo francês e causou polêmica.
"Não deve ocorrer importação do conflito (Israel-Palestina) na França. Não pode haver manifestações com possíveis grupos adversários e que criem riscos à ordem pública", justificou na sexta-feira o presidente francês, François Hollande, durante visita ao Níger.
Na noite do mesmo dia, a Justiça francesa confirmou o veto ao evento que havia sido decretado pelas autoridades de segurança da capital.
Neste sábado, Hollande voltou ao tema e disse que "as pessoas que querem se manifestar a qualquer preço assumirão as consequências".
A França reúne a maior comunidade muçulmana da Europa, estimada em mais de 6 milhões de pessoas.
Críticas
Deputados socialistas da base governista, no entanto, criticaram a proibição da passeata em Paris.
"Recusamos a decisão às pressas do ministério do Interior e pedimos ao governo francês para anular rapidamente a proibição da manifestação", afirmaram seis deputados socialistas em um comunicado.
Partidos políticos de extrema esquerda, como o Novo Partido Anticapitalista, disseram estar "indignados" com a proibição à passeata pró-Palestina.
A Liga dos Direitos Humanos criticou um "entrave à liberdade constitucional e uma negação da realidade".
"Não adianta nada abafar o sentimento de revolta que provoca a intervenção militar israelense em Gaza, a não ser que o governo queira reforçar a ideia de que escolheu o seu campo nesse conflito", diz a associação em um comunicado.
Outras manifestações pró-Palestina haviam sido organizadas neste sábado na França. O ministério do Interior pediu às autoridades policiais das cidades para analisar "caso por caso".
Um protesto em Nice, no sul da França, previsto para este sábado, também foi cancelado. O evento havia sido organizado pela internet e a polícia justificou a decisão alegando que não seria possível identificar os organizadores.