O Reino Unido vai dar o antiviral remdesivir para alguns pacientes de Covid-19 que podem ser beneficiados pelo remédio. É uma colaboração com a empresa produtora, a Gilead Sciences, de acordo com anúncio desta terça-feira (26) do Ministério de Saúde.
O ministério disse que os primeiros dados de ensaios clínicos no mundo, inclusive no Reino Unido, mostram que a droga pode encurtar o tempo de cura de pacientes de Covid-19 em quatro dias.Não foi divulgado o número de pacientes que será tratado com a droga experimental.
O remédio, que foi desenvolvido inicialmente para outra doença, a do vírus Ebola, não está à venda, mas a agência que toma as decisões a respeito de medicamentos nos Estados Unidos aprovou, em caráter emergencial, o uso em testes para o tratamento da Covid-19 no começo de maio.
Um estudo publicado na sexta-feira (22) na revista científica "New England Journal of Medicine" aponta que o remdesivir melhora o tempo de recuperação de pacientes de Covid-19 hospitalizados e com infecção do trato respiratório inferior.
Os dados do estudo vieram de uma análise preliminar de um ensaio clínico feito com 1.063 pacientes em 10 países (Estados Unidos, Dinamarca, Reino Unido, Grécia, Alemanha, Coreia do Sul, México, Espanha, Japão e Singapura). A pesquisa foi patrocinada pelo Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIAID) dos EUA.
As pessoas foram divididas em dois grupos – cerca de metade delas recebeu o remdesivir, e a outra metade, um placebo. Os resultados apontam que, entre os que se recuperaram, aqueles que tomaram o remdesivir tiveram um tempo médio de recuperação de 11 dias, comparados com os 15 dias necessários para os que receberam o placebo.
O remdesivir não melhorou a taxa de mortalidade de forma estatisticamente significativa –os pacientes do grupo que recebeu o medicamento tiveram uma taxa de 7,1%, contra 11,9% dos que receberam placebo.
Os cientistas concluíram que o tratamento deve ser feito com mais de um antiviral. Essa é uma análise preliminar da droga, ressaltaram os pesquisadores.
Um ensaio clínico anterior, feito na China, não havia conseguido demonstrar benefícios no uso de remdesivir contra a Covid-19. Os pesquisadores americanos lembraram, entretanto, que aquele estudo não havia sido concluído por causa do fim do surto da doença no país, além de ter tido menor número de participantes (237 pacientes), que por sua vez não foram separados em grupos do mesmo tamanho.