Religiosos tiram do ar propaganda que divulga uso de camisinha

Clérigos cristãos e muçulmanos afirmam que campanha do governo promove infidelidade.

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No Quênia, uma propaganda que promove o uso de preservativos mostrando uma mãe comentando com outra sobre seu amante foi retirada após reclamações de líderes religiosos. Assista ao vídeo (se necessário, desabilite o bloqueador de pop-ups).

Clérigos muçulmanos e cristãos disseram que o anúncio, exibido em horário nobre, promove a infidelidade e não o sexo seguro e a prevenção à Aids.

A agência do governo que encomendou a propaganda afirma que ela mostra a realidade. No final da propaganda, a mulher é encorajada a usar o preservativo.

"Todos sabem que uma grande parte dos homens e mulheres têm relações fora do casamento ou do relacionamento estável, é uma realidade que precisa ser tratada", afirmou Peter Cherutich, do Programa queniano de Controle de Aids e doenças sexualmente transmissíveis.

De acordo com a ONU, cerca de 1,6 milhão de pessoas são portadoras do vírus HIV no Quênia. O país tem uma população de 41,6 milhões.

Segundo Cherutich, uma pesquisa realizada no Quênia mostrou que entre 20% e 30% dos casais casados tiveram outros parceiros sexuais e a maioria deles não usou preservativos.

No entanto, para os líderes religiosos, as campanhas que falam sobre o uso do preservativo para evitar a AIDS promovem relacionamentos fora do casamento.

Joseph Warungu, coordenador de HIV/AIds da Igreja Anglicana, afirma que eles acham as campanhas "erradas" e o papel da igreja é "pregar a fidelidade no casamento".

A organização que representa os muçulmanos no Quênia, o Conselho de Imãs e Pregadores do Quênia, também condenou os canais de televisão por mostrar a propaganda de um minuto de duração.

"A propaganda mostra esta nação como se fosse Sodoma e Gomorra e não uma que valoriza as instituições do casamento e família", afirmou Sheikh Mohammed Khalifa, secretário da organização, ao jornal Kenya Business.

Nas ruas da capital, Nairóbi, as opiniões do público estão divididas. Alguns pais afirmaram que ficaram constrangidos de assitir à propaganda com os filhos na sala e mudaram de canal.

De acordo com a correspondente da BBC em Nairóbi Anne Soy, muitos quenianos conservadores apoiam a opinião dos líderes religiosos que pediram a retirada da propaganda.

O anúncio faz parte de uma série de campanhas de prevenção da AIDS realizadas há anos pelas autoridades de saúde do país.

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