O jornalista da BBC Assad El Sawey afirmou ter sido espancado com barras de aço pela polícia secreta egípcia ao cobrir uma manifestação que reuniu cerca de 15 mil pessoas no centro da capital do Egito, Cairo, nesta sexta-feira (28).
Ele disse que policiais à paisana o detiveram mesmo depois de ter se identificado como repórter.
"Quando me prenderam, começaram a me bater com barras de aço, do tipo que se usa aqui para abater animais", afirmou.
O repórter, que sofreu ferimentos na cabeça, disse ainda ter sido alvo de pancadas com cassetetes elétricos.
"Um grande número de jornalistas estrangeiros estava lá e todos foram levados em boleias de caminhão."
Ele disse ainda que a polícia foi "muito, muito brutal".
O ataque aconteceu, segundo El Sawey por volta das 13h (9h, em Brasília), logo após as orações tradicionais de sexta-feira.
Ele afirmou que estava na Praça Ramsés, uma das maiores do centro do Cairo, quando o protesto começou a ficar violento.
Mesmo mantendo-se longe dos confrontos, "a cerca de 300 metros", o repórter foi abordado pela polícia secreta.
"Eles estavam obviamente atrás de jornalistas", afirmou o repórter, que teve uma máquina fotográfica confiscada.
El Sawey afirmou que "teve sorte" de ter conseguido escapar, porque identificou um oficial de patente mais alta e lhe disse que precisava de tratamento.
"Disse que estava sangrando e que iria desmaiar. Primeiro queriam me levar a um hospital do governo, famoso por permitir que a polícia recolha pacientes após o tratamento."
O jornalista teria se recusado e afirmado que então seria melhor levá-lo na viatura para "deixá-lo sangrar e morrer".
Pelo menos nove pessoas morreram e até mil foram presas desde o início dos protestos, na terça-feira.
As manifestações no Egito foram inspiradas pelos protestos populares na Tunísia que levaram à derrubada do presidente Zine Al-Abidine Ben Ali, há duas semanas.