República Dominicana anuncia construção de muro na fronteira com Haiti

Segundo o presidente dominicano, os principais motivos são frear em dois anos a imigração ilegal e o tráfico de drogas e de veículos roubados.

República Dominicana anuncia construção de muro na fronteira com Haiti | Reprodução
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Por Sandra Cohen - G1

Enquanto o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, abandona de vez os planos para a construção de um muro na fronteira entre EUA e México, a ideia de uma barreira divisora de países ainda persiste na América Latina.

Eleito presidente da República Dominicana em julho, Luis Abinader assegurou ao Congresso que no segundo semestre começará a erguer uma cerca ao longo da fronteira de 380 quilômetros com o vizinho Haiti. Entre os objetivos enumerados pelo presidente dominicano, os principais são frear em dois anos a imigração ilegal e o tráfico de drogas e de veículos roubados.

Patrulhar a fronteira demanda 7 mil soldados e cerca de 800 integrantes de uma força especial. Por isso, Abinader defende uma cerca dupla nos pontos mais vulneráveis da fronteira, dotada de sistemas de raios infravermelhos e câmeras de reconhecimento facial.

Fronteira entre Repúbblica Dominicana e Haiti - Foto: Reprodução

A República Dominicana divide com o Haiti a ilha de Hispaniola, a segunda maior das Antilhas, conhecida também como São Domingos. Historicamente, a convivência entre os dois países nunca foi fácil. Nas últimas décadas, vem sendo marcada de um lado pelo fluxo migratório de haitianos e, de outro, por arroubos de xenofobia por parte dos dominicanos.

País mais pobre da América Latina, o Haiti é o segundo destino comercial da República Dominicana, mas enfrenta várias crises simultâneas. Atualmente tem dois presidentes: Jovenel Moise, no poder há quatro anos, e Joseph Mécène, respaldado pela oposição, mas ignorado pela comunidade internacional.

Agravada pela violência e pela pandemia do novo coronavírus, a instabilidade política e econômica deslocou em janeiro milhares de haitianos para o país vizinho, onde cerca de 500 mil já se encontram em situação irregular.

Um exemplo da ofensiva legal contra os haitianos é a resolução 183, emitida em 2013 pelo Tribunal Constitucional da República Dominicana, que revogou a nacionalidade e deixou no limbo 210 mil residentes no país, segundo os cálculos da Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

A construção de uma barreira na fronteira anunciada por Abinader, portanto, reaviva debates acalorados: tenta resolver o problema dominicano, isolando, mais uma vez, o Haiti.

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