O presidente russo, Vladimir Putin, ordenou nesta segunda-feira (19) a retirada das tropas que realizavam manobras perto da fronteira com a Ucrânia e pediu a Kiev que retire "imediatamente" os militares da região leste pró-Moscou do país, anunciou o Kremlin.
"Vladimir Putin deu a ordem ao Ministério da Defesa de devolver as tropas a suas guarnições [...] após a conclusão dos exercícios que exigiram seu deslocamento às regiões de Rostov, Belgorod e Briansk", afirma um comunicado do Kremlin, citado pelas agências russas.
Na Ucrânia, a "Rússia pede o fim imediato da operação de repressão e da violência, assim como a retirada das tropas e a solução de todos os problemas existentes por meios exclusivamente pacíficos", completa a nota do Kremlin, segundo a agência pública Ria-Novosti, em uma referência à operação "antiterrorista" iniciada pelo Exército ucraniano em 13 de abril.
Segundo a ONU, quase 130 pessoas ? soldados, separatistas e civis ? morreram em atos de violência durante a operação.
"O presidente Vladimir Putin felicita os primeiros contatos entre Kiev e os partidários da federalização da Ucrânia, que buscam estabelecer um diálogo direto no qual devem participar todas as partes envolvidas", afirma o Kremlin.
Após um primeiro encontro na quarta-feira passada em Kiev, sem qualquer avanço, os principais ministros do governo, incluindo dois ex-presidentes ucranianos, deputados e autoridades religiosas, se reuniram no sábado em Kharkiv.
Como da primeira vez, os insurgentes separatistas, chamados de "terroristas" por Kiev, não estavam representados e o primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, rejeitou a ideia de federalismo.
Moscou, acusado pelo governo pró-Ocidente de Kiev de apoiar os separatistas no leste do país, respalda o princípio de uma reforma constitucional na Ucrânia que leve em consideração a vontade das regiões pró-Rússia do leste.
Os referendos organizados nestas regiões, denunciados por Kiev e pelos países ocidentais, deram uma vitória ampla ao desejo de independência.
A Rússia questiona a legitimidade da eleição presidencial de 25 de maio na Ucrânia, quando o governo ucraniano realiza uma operação armada que Moscou chama de "repressiva" contra os insurgentes separatistas.
Em março, Moscou mobilizou tropas ? até 40 mil homens, segundo fontes ocidentais ? sob o pretexto de manobras perto da fronteira ucraniana, o que provocou temores de uma invasão. Putin afirmou na semana passada que os militares haviam recuado, mas o governo dos Estados Unidos afirmou que não tinha provas da movimentação.