O soldado americano Bradley Manning foi sentenciado, nesta quarta-feira (21), em uma corte militar a 35 anos de prisão e foi expulso do Exército com desonra em função do vazamento de mais 700 mil documentos secretos para o Wikileaks.
Manning poderia ser condenado a um máximo de 90 anos após ser considerado culpado no final de julho de vários crimes de espionagem, roubo de informação governamental e abuso de sua posição de analista no Iraque, embora tenha sido absolvido da acusação mais séria, de ajuda ao inimigo.
Na segunda-feira (19), o promotor, capitão Joe Morrow, fez um apelo à juíza militar, coronel Denise Lind, para que aplicasse uma pena severa, "de forma a dar um recado a qualquer soldado que esteja pensando em divulgar informações secretas".
Morrow rejeitou os argumentos da defesa, que alegou que Manning foi ingênuo, mas bem-intencionado, ao expor os abusos de conduta dos Estados Unidos nas guerras do Iraque e do Afeganistão.
Ao contrário, o promotor disse que os vazamentos são "destrutivos" e afirmou que Manning é um "espião determinado que explorou um sistema imperfeito".
"Devemos nos assegurar de que nunca mais assistiremos este circo", destacou o promotor, convencido de que a "traição" do soldado havia danificado as relações diplomáticas dos Estados Unidos.
O advogado de Manning, David Coombs, criticou o governo por considerar que "quer que apodreça na prisão" e que "só se interessa pelo castigo" e não pela reinserção de um acusado "jovem", "humanista", "muito inteligente", "ingênuo, certamente, mas bem-intencionado".
Considerando sua juventude, sua "saúde emocional" e "a pureza de suas intenções", o advogado pediu à juíza que castigue seu cliente, mas com uma pena que dê a ele a "possibilidade de viver [...], talvez de encontrar o amor, de se casar, de ter filhos e de vê-los crescer".
Enquanto o advogado de defesa se esforçou para convencer que "o impacto a longo prazo" da fuga era limitado e que "diversos países já a tinham esquecido", o promotor militar insistiu no aspecto "destrutivo" do comportamento de Manning, que havia escolhido "conscientemente" ser analista de inteligência no Iraque e "abusado de sua posição de confiança".