O funcionário da embaixada da Nigéria suspeito de estuprar e espancar uma mulher na residência oficial do embaixador do país africano, em Brasília, negou as acusações em depoimento na tarde desta terça-feira (17) ao delegado Wisllei Salomão.
Ele afirmou em depoimento que trabalha há um ano como mordomo da embaixada. O suspeito não fala português e deixou a delegacia após duas horas de depoimento sem falar com os jornalistas.
No depoimento, o suspeito disse que conheceu a vítima em uma festa de revéillon e permitiu que ela ficasse alguns dias na residência oficial porque ela passava por dificuldades financeiras.
?Ele negou qualquer envolvimento amoroso ou sexual com ela. Em relação às agressões, ele disse que na quinta-feira ela chegou com um dos olhos machucados e teria dito que a filha a feriu acidentalmente?, disse o delegado.
O funcionário da embaixada informou ainda que no sábado (14) teria comunicado a mulher que o embaixador não concordava com a presença de uma pessoa que não era do quadro oficial na casa e ela teria que deixar o local.
O funcionário não possui imunidade diplomática. O delegado informou que o passaporte do suspeito não foi retido. O Itamaraty foi notificado sobre o caso, disse Salomão.
?Nós vamos investigar todos os fatos ocorridos. Se ficar comprovado que houve o estupro e as agressões, ele será julgado como se fosse brasileiro. Para o caso de lesão, a lei prevê de três meses a um ano de prisão. No caso de estupro, a pena varia de seis a dez anos.?
Segundo o delegado, a embaixada da Nigéria se colocou à disposição para dar esclarecimentos sobre o caso. A polícia pretende ouvir outras pessoas na investigação. Nesta quarta-feira (18), a polícia vai divulgar o laudo do Instituto de Medicina Legal (IML) sobre a ocorrência ou não de estupro.
Ataque
No último sábado, uma nigeriana de 32 anos registrou ocorrência da 10ª Delegacia de Polícia, no Lago Sul. Ela afirmou que foi estuprada por um funcionário da residência oficial nos dias 11 e 24 de junho e procurou a polícia após ter sido agredida por ele.
Na semana passada, após relatar o caso a um colega, a mulher diz que foi chamada para conversar com o embaixador Vincent Okoedion, que teria a expulsado da residência. "Ao saber o que tinha acontecido, o suspeito do estupro a agrediu?, declarou Salomão.
"Ela chegou aqui com o rosto ferido, e a agressão física já foi comprovada. Nós a encaminhamos para perícia no IML para verificar a ocorrência do estupro, mas o laudo ainda não ficou pronto. Só que esse laudo pode não ter elementos que comprovem a violência sexual por conta do tempo", afirmou o delegado.
Na noite de sábado, a polícia informou ter ido à residência oficial nigeriana, mas foi impedida de entrar por um funcionário que afirmou que o embaixador não iria se pronunciar sobre o caso porque estava em "repouso noturno".
Em depoimento, a nigeriana afirmou que mora no Brasil há dois anos e que, em razão de dificuldades financeiras, foi convidada a morar na residência oficial pela esposa do embaixador Okoedion no início deste ano.
Ela afirmou ainda que não tinha vínculo empregatício oficial, mas que ajudava na cozinha e na limpeza da residência da delegação nigeriana.