Após seis primeiros-ministros em seis anos de uma crise política por vezes sangrenta, os tailandeses poderiam ser perdoados por darem de ombros para uma sétima votação. Mas desta vez houve uma grande diferença, já que uma mulher será indicada como primeira-ministra, algo até então inédito no país.
Yingluck Shinawatra, empresária de 44 anos que até dois meses estava fora do mundo da política, deve ser eleita a nova primeira-ministra da Tailândia após a maciça vitória de seu partido, o Puea Thai (Para Tailandeses, em tradução livre), cujo líder maior é seu irmão, o ex-premiê Thaksin Shinawatra, que está exilado em Dubai.
Yingluck, conhecida como Pou, apelido dado por seus pais, nunca havia concorrido a um cargo público ou assumido um posto no governo. Dessa forma, ela tem muito a provar sobre sua capacidade de governar o país.
Mas alguns tailandeses, principalmente as mulheres, querem dar a ela o benefício da dúvida e veem a vitória de Yingluc como um grande passo para as mulheres do país, que têm lutado por representação igual no governo.
"Sempre quis uma mulher no cargo de primeiro-ministro", disse Areerak Saelim, 42, dona de uma loja de óculos escuros no mercado de Bancoc.
"Vejo homens demais fracassando ao governar o país. Talvez neste momento as coisas sejam diferentes. As mulheres são meticulosas, os homens, não. Tenho bastante certeza de que ela pode fazer o trabalho com base em sua experiência e carreira de sucesso."
Thaksin, que já foi eleito premiê por duas vezes e está vivendo atualmente como fugitivo da Justiça da Tailândia em Dubai, tem afirmado que quer voltar ao seu país e uma das políticas de Yingluck é anistia a crimes políticos.
Com isso, alguns se perguntam se Yingluck será independente no cargo.
"É óbvio quem ela representa", disse Puttasa Karnsakulton, 37, dono de uma loja de roupas. "Não posso aceitar que ter a primeira mulher como primeira-ministra significa a indicação dela para beneficiar uma pessoa. Tenho dúvidas de que ela seja apenas uma mulher à frente de um homem", disse Puttasa.
RESULTADO
O primeiro-ministro da Tailândia, Abhisit Vejjajiva, reconheceu a derrota de seu Partido Democrata nas eleições legislativas realizadas neste domingo no país.
Segundo a Comissão Nacional Eleitoral, o partido Puea Thai conseguiu 254 cadeiras das 500 cadeiras no Parlamento. No total, o partido teve cerca de 80% dos votos.
Mais cedo, pesquisas de boca de urna já apontavam vitória do partido opositor Puea Thai.
Os tailandeses compareceram em grande número às urnas neste domingo para as eleições legislativas e optaram pela oposição, ligada ao ex-premier exilado Thaksin Shinawatra, segundo as primeiras pesquisas, que atribuem maioria absoluta ao grupo no próximo Parlamento.