Com avanços e recuos, os ciclos de confinamento e flexibilização se repetem, em mais de um ano de pandemia, em várias partes do mundo. Diante da possibilidade de uma quarta onda de contágios da Covid-19, a região metropolitana de Lisboa, com três milhões de moradores, volta a ser isolada nos finais de semana.
Ninguém entra, ninguém sai do perímetro que abrange 18 distritos da região, a partir das 15h desta sexta-feira (18) até as 6h de segunda-feira (21).
A medida se justifica como alternativa para conter a incidência de casos, que ultrapassam, em alguns distritos, 240 para cada 100 mil habitantes, acionando novamente as linhas vermelhas estipuladas pelo governo.
Em apenas três semanas, o número de contaminados praticamente duplicou. A região de Lisboa e do Vale do Tejo concentra mais de 70% dos casos de Covid-19 no país, e autoridades de saúde alertam sobre o aumento de infectados pela variante delta, originária da Índia.
Desta vez, porém, o recuo se deu logo após a mais recente flexibilização das restrições, frustrando os lisboetas às vésperas do início do segundo verão regido pela pandemia. Diante da impossibilidade de viagens para outras cidades do país, a decepção se refletiu nas mídias sociais.
Planos de casamentos e viagens foram mais uma vez abortados. "Eu tenho um casamento no Alentejo e agora o governo quer me proibir de sair de Lisboa a 48 horas da cerimônia", queixou-se, pelo Twitter, Bernardo Blanco.
Horários alterados
Em três cidades -- Lisboa, Cascais e Sintra -- os horários de funcionamento dos restaurantes serão alterados. O governo não quis antecipar por quanto tempo vão durar as novas regras.
Conforme explicou a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, a limitação de circulação tenta conter os casos na região metropolitana para preservar outras regiões. "É mais uma medida de proteção do resto do país, para não estender o fenômeno de Lisboa para outras regiões."
O ambiente familiar ainda é vetor de contágio em 68% dos casos na região, segundo o coordenador de resposta Covid-19, Duarte Cordeiro. Cerca de 11% ocorrem em festas e eventos sociais; 9% em escolas.
Confinamento rígido
No início do ano, Portugal enfrentou um rígido confinamento, de quase dois meses, após detectar um novo pico de infecções, 10 mil por dia, que praticamente colapsou o sistema de saúde.
O país já registrou 860 mil casos e 17 mil mortos desde o início da pandemia.
De acordo com o Ministério da Saúde, 45% dos portugueses receberam a primeira dose de uma vacina contra o novo coronavírus e 23,8% estão imunizados com as duas doses -- o que denota um árduo caminho até libertarem-se definitivamente do vírus.