Titanic colidiu com um iceberg em 1912 por causa de um erro básico de manobra e só afundou tão rapidamente porque um executivo convenceu o capitão a continuar navegando, disse uma escritora em entrevista publicada nesta quarta-feira.
Louise Patten, que é neta de Charles Lightoller, segundo-oficial do Titanic, disse que a verdade sobre o quase centenário naufrágio ficou oculta para preservar a reputação de Lightoller, que depois se tornaria um herói de guerra.
Lightoller foi o mais graduado tripulante a sobreviver ao desastre. Segundo sua neta, ele acobertou o erro em dois inquéritos, nos EUA e na Europa, porque isso poderia levar os donos do navio à falência, deixando colegas seus desempregados.
"Eles poderiam ter facilmente evitado o iceberg se não fosse pelo erro", disse Patten ao diário Daily Telegraph. "Em vez de manobrar o Titanic em segurança em volta do iceberg, pela esquerda, assim que ele foi visto à frente, o piloto, Robert Hitchins, entrou em pânico e virou para o lado errado."
Patten fez as revelações por causa da publicação de seu novo romance, "Good as Gold" ("Bom como ouro"), que trata dessa versão. Ela disse que, por causa da então recente conversão dos navios, de vela para motores a vapor, havia dois sistemas diferentes de pilotagem.
Basicamente, num dos sistemas era preciso girar o timão para um lado; no outro sistema, para o lado oposto.
Depois que o erro foi cometido, segundo Patten, "eles tiveram só quatro minutos para mudar de rumo. Quando (o primeiro-oficial William) Murdoch notou o erro de Hitchins e eles tentaram retificá-lo, era tarde demais."
O avô da escritora não estava de plantão na hora da colisão, mas esteve presente na reunião final dos oficiais antes do naufrágio completo. Ali, ele ouviu não só sobre o erro, mas também o fato de que J. Bruce Ismay, presidente da empresa White Star Line, dona do navio, convenceu o capitão a continuar navegando, o que acelerou o afundamento em várias horas.
"Se o Titanic tivesse ficado parado, teria sobrevivido pelo menos até que o barco de resgate chegasse, e ninguém teria morrido", disse Patten.
O RMS Titanic era o maior navio de passageiros do mundo, e fazia sua viagem inaugural, de Southpampton (Inglaterra) para Nova York. Em 10 de abril de 1912, quatro dias depois de zarpar, ele naufragou com mais de 1.500 passageiros a bordo.