No dia 26 de dezembro de 2004, um tsunami devastador varreu a costa de países por todo o sudeste da Ásia, destruindo tudo em seu caminho e provocando a morte de 230 mil pessoas. As grandes ondas de até 20 metros de altura, desencadeadas por um dos maiores terremotos já registrados, levaram milhões de pessoas a presenciarem um desastre natural de uma escala épica e apocalíptica.
Um dos 155 britânicos mortos era Deborah Garlick, que havia ido à Tailândia para relaxar no período do Natal. Dez anos depois da tragédia, os pais da jovem falecida, Margaret e Bryson, revelam a batalha diária contra a dor de terem perdido sua filha.
Como muitas famílias neste fim de semana, Margaret e Bryson Garlick compraram sua árvore de Natal, e vão decorá-la, e colocarão dezenas de presentes embaixo dela. Mas para eles, a árvore não é um símbolo da celebração da época. É um símbolo da sobrevivência do casal.
“Olhei para a arvore de Natal naqueles dias escuros após perdermos Deborah e me perguntei se nós veríamos uma dessas dentro de nossas casas novamente. Quando uma tragédia terrível como essa acontece, você tem três opções: você pode ficar miserável por todo o sempre, você pode tirar sua própria vida, ou você pode tentar tirar o melhor de cada situação daqui pra frente. Eu sei que se nós não tivéssemos montado a árvore no primeiro Natal após a morte de Deborah, nós nunca mais a montaríamos. Subconscientemente, foi um tipo de instinto de sobrevivência, nós tivemos que seguir em frente não importa a dificuldade, ao mesmo tempo que uma sensação horrível lhe acompanha pelo resto da vida. Nós não ficamos mais ansiosos pelas festas de fim de ano. Só damos o nosso melhor para sobreviver nela”, disse Margaret, de 74 anos.
Assim que entrou no avião, Deborah ligou para seus pais e deixou uma mensagem na secretária eletrônica. “Normalmente eu deleto todas as mensagens que recebo após ouvi-las. Mas essa, eu não apaguei. Eu tive a estranha sensação de que nunca mais ouviria a voz da minha filha novamente. Eu não sei de onde veio isso, eu nunca me senti dessa forma quando ela viajou para a África do Sul ou para os Estados Unidos. Eu não consigo explicar o que houve”, disse a mãe da vítima da catástrofe.
Na manhã depois do Natal, o casal recebeu uma mensagem de texto de Deborah, animada com um passeio que faria de barco. Foi nesse dia que Deborah se foi, junto com mais de 230 mil pessoas. “Eu liguei a televisão para assistir um jogo de futebol, e vi as notícias sobre o tsunami”, disse Bryson, de 81 anos, “e perguntei a Margaret se Deborah estava próxima daquela região, e é óbvio que estava. Foi nesse momento que eu senti que minha filha havia morrido.”
No começo de 2005, o casal decidiu fazer um memorial em homenagem a Deborah. Duzentas pessoas foram à cerimônia. Quando voltavam para casa, um policial os esperava em sua porta. Ele os informou que o corpo de Deborah foi encontrado, e estava a caminho do Reino Unido em um avião. Com ele, os pertences da jovem – entre eles, uma fita de vídeo, que documentou as últimas horas de sua vida.
“Nós não temos ideia de como aquilo ficou em sua bolsa, ou de quem nos mandou seus pertences. Só sabemos que tudo voou por milhares de quilômetros só para chegar até nós. Segurar a fita era como segurar a coroa da Rainha”, disse Bryson. “Há imagens dela sentada na areia da praia, outras em uma festa de Natal, e mais algumas dela em seu quarto de hotel. Foi um presente dos céus.”
O vídeo (assustador) do tsunami:
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