A Ucrânia anunciou nesta quarta-feira (19) sua intenção de introduzir em poucos dias um regime de vistos com a Rússia e de abandonar a CEI (Comunidade dos Estados Independentes), organização que reúne a maioria das antigas repúblicas da União Soviética.
"A decisão não é só deixar a presidência da CEI, mas abandonar a organização", disse hoje em entrevista coletiva o secretário do Conselho de Segurança ucraniano, Andrei Parubiy.
Parubiy também anunciou que a Ucrânia planeja medidas contundentes, que ainda não vai revelar, para responder à agressão da Rússia e à anexação da autonomia ucraniana da Crimeia selada ontem no Kremlin.
Depois que o presidente interino da Ucrânia, Aleksandr Turchínov, deu três horas para que as autoridades da Crimeia libertarem o comandante-em-chefe da Armada ucraniana na Crimeia, o contra-almirante Sergei Gaiduk, Parubiy assegurou que se as forças de autodefesa crimeanas não atenderem o ultimato, a resposta de Kiev será "contundente".
Kiev se dirigiu, além disso, à ONU para exigir que a Crimeia seja declarada zona desmilitarizada, acrescentou o secretário do Conselho de Segurança e Defesa Nacional ucraniana.
"Temos certeza de que a ONU apoiará nossa postura, para que possamos transferir ao território continental da Ucrânia não apenas os militares, mas também os membros de suas famílias", ressaltou.
As autoridades ucranianas irão ao Supremo Tribunal do país para determinar os direitos dos cidadãos ucranianos "em território ocupado", apontou por sua parte o ministro da Justiça ucraniano, Pável Petrenko.
A pasta dirigida por Petrenko deverá, além disso, calcular os danos econômicos causados ao país pela anexação da Crimeia à Rússia e preparar uma demanda sobre a compensação perante à Justiça europeia.
Essa manhã, o comandante-em-chefe da Armada ucraniana foi detido depois que uma multidão tomou por assalto o quartel-general no porto de Sebastopol e os membros da Marinha ucraniana abandonaram o recinto escoltados por militares que se declaravam membros dos destacamentos de autodefesa crimeanos.
O Ministério da Defesa da Ucrânia declarou que Gaiduk foi tirado de quartel-general da Marinha e levado a "paradeiro desconhecido" pouco depois que as novas autoridades da Crimeia declararam sua intenção de ficar com os navios da frota ucraniana que estavam em bases da península.