Os países da União Europeia precisam parar imediatamente de devolver imigrantes ilegais para a Grécia, onde eles são mantidos em condições aterrorizantes, e deveriam dividir o fardo da imigração mais igualmente, disse nesta quarta-feira uma autoridade da ONU.
Quase nove em cada dez imigrantes ilegais usa a Grécia como ponto de entrada na União Europeia, e aqueles pegos em outros países do bloco podem ser mandados de volta para as prisões da nação.
"Todas essas cadeias, com a única exceção de uma em Chios, estão totalmente superlotadas... imundas, com ventilação e luz muito, muito ruins e condições gerais simplesmente apavorantes", disse Manfred Nowak, investigador especial da ONU para a tortura e tratamentos cruéis.
Muitas pessoas têm problemas respiratórios, dermatológicos e psicológicos como resultado disso, afirmou Nowak depois de uma visita de dez dias aos centros de detenção gregos.
"Todos os membros da UE devem suspender imediatamente a devolução de pessoas à Grécia e examinar seus pedidos de asilo", disse Nowak. "A UE precisa fundamentalmente repensar suas políticas de asilo e migração e substituí-las por um sistema mais justo de compartilhamento do fardo dentro da União."
Ele exortou a Comissão Europeia e os países da UE a ajudarem a Grécia com recursos e assistência técnica para reformar um "disfuncional" sistema de asilo, no qual as pessoas são normalmente presas por meses enquanto aguardam a análise de seus pedidos.
Nowak elogiou um plano de ação do governo grego quanto à imigração, mas disse que ele deve ser urgentemente transformado em lei e implementado para melhorar o tratamento aos imigrantes.
"Algumas dessas instalações estão tão abarrotadas, escuras e imundas que foi muito difícil para nós estar lá com os detentos. Tivemos que sair porque não tínhamos ar suficiente para respirar", afirmou, referindo-se a celas improvisadas em delegacias de polícia de Atenas. "Tais condições de detenção claramente resultam em tratamento desumano e degradante."