Depois de cinco anos de domínio do partido do presidente Hugo Chávez no poder Legislativo da Venezuela, a população do país vota neste domingo (26) para escolher os 165 deputados que formarão a nova Assembleia Nacional. Mais de 17,7 milhões de pessoas estão habilitadas a votar, e analistas indicam que a oposição deve ganhar espaço, depois de ter ficado de fora da divisão do poder do país.
Durante os últimos cinco anos, os chavistas puderam aprovar todas as leis e reformas que interessavam ao governo porque tinham mais de dois terços dos votos do Parlamento. Esta é a quantidade necessária para as votações mais importantes no Congresso do país. A oposição não conseguiu evitar isso porque tentou deslegitimar o governo fazendo um boicote na eleição de 2005, e acabou ficando de fora do poder do país.
Nas eleições deste domingo, a oposição espera conquistar pelo menos 60 das 165 vagas de deputados. A campanha para isso, ao contrário do que ocorreu em 2005, foi intensa, e pesquisas de intenção de voto indicam que é possível alcançar a meta.
Carro passa perto de propaganda partidária para incentivar o voto em CaracasCarro passa perto de propaganda partidária para incentivar o voto em Caracas (Foto: Jorge Silva/Reuters)
Se tiver pelo menos 56 deputados, a oposição passa a evitar que os chavistas tenham dois terços dos votos, quantidade necessária para aprovar as leis e reformas mais importantes.
Além de redesenhar a divisão do poder legislativo, a eleição, como quase todas as últimas votações na Venezuela, é vista como um teste para o presidente Hugo Chávez. Os resultados deste domingo podem começar a desenhar a disputa eleitoral que acontece daqui a dois anos, quando Chávez vai tentar sua segunda reeleição.
A votação acontece em todo o país, e a escolha de deputados é feita por distritos e regiões. Cada uma elege uma quantidade diferente de deputados, divididos de forma a representar a quantidade de pessoas na área.
A oposição acusa o governo de redefinir as regras para eleger mais deputados nas regiões mais pobres e mais afinadas com a situação, mas o sistema é semelhante ao que existe em outros países, e o governo alega que é uma divisão legítima.
A eleição é acompanhada por observadores internacionais e por testemunhas ligadas aos partidos de oposição e do governo. A votação é feita em urnas eletrônicas, mas, para evitar fraudes, há ainda um sistema em que cada eleitor imprime seu voto e o coloca em uma urna física, que serve como garantia.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que organiza e controla a votação, chegou a declarar que publicaria resultados duas horas depois do fim da votação, que se encerra oficialmente às 18h (19h30 em Brasília). Na última sexta-feira (25), entretanto, uma diretora da instituição afirmou que só serão divulgados resultados quando houver uma tendência irreversível, o que, segundo ela, pode acontecer apenas mais tarde.
O processo eleitoral venezuelano foi precedido por uma tempestade elétrica na véspera, que gerou fortes chuvas e matou sete membros de uma família em um bairro pobre do oeste de Caracas. Dezenas de pessoas ficaram desabrigadas depois que vários rios transbordaram.
Os jornais locais publicaram no sábado que já tinham sido instaladas as 36.563 mesas de votação e os 12.463 centros eleitorais, apesar das chuvas e das falhas de eletricidade em alguns estados do país.