O parlamento da Nova Zelândia foi temporariamente interrompido nesta quarta-feira (13) por parlamentares que realizaram um haka como forma de protesto contra um projeto de lei controverso. A proposta busca reinterpretar o tratado fundador entre o país e o povo Māori.
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A deputada de oposição Hana-Rawhiti Maipi-Clarke deu início à dança cerimonial após ser questionada sobre o apoio de seu partido ao projeto, que passou por sua primeira votação nesta quinta-feira.
De acordo com a BBC, uma hīkoi — marcha pacífica de protesto organizada por um grupo de defesa dos direitos Māori — está em direção à capital, Wellington. A manifestação, que conta com milhares de participantes, percorre uma jornada de 10 dias contra o projeto de lei e chegou a Auckland nesta quarta-feira, após sair do norte da Nova Zelândia na segunda-feira.
DIREITOS INDÍGENAS
A Nova Zelândia é conhecida por seu compromisso com os direitos indígenas, mas os críticos temem que o projeto coloque esses direitos em risco. O partido Act, autor da proposta, defende que é necessário definir de forma legal os princípios do Tratado de Waitangi, assinado em 1840 e considerado essencial para as relações raciais no país.
Ao longo dos anos, os valores do tratado foram incorporados às leis neozelandesas para corrigir injustiças sofridas pelos Māori durante a colonização. O Act — um partido menor da coalizão de centro-direita no governo — argumenta que a interpretação atual do tratado tem causado divisões raciais e que a proposta permitiria ao parlamento definir o tratado de maneira mais justa.
David Seymour, líder do Act, criticou os opositores por "gerar" medo e divisão. Críticos, no entanto, afirmam que a medida aprofundaria as divisões e reduziria o apoio essencial para muitos Māori.
O projeto passou por sua primeira leitura nesta quinta-feira, após uma pausa de 30 minutos, com apoio de todos os partidos da coalizão governista. A deputada Maipi-Clarke foi suspensa do parlamento após o episódio. Embora seja improvável que o projeto seja aprovado na segunda votação, já que alguns parceiros de coalizão indicaram que não o apoiarão, a hīkoi contra o projeto segue seu trajeto de 1.000 km.