Violência no Iraque deixa registro de mais de 600 mortos em maio

Ao menos 30 pessoas morreram em série de ataques nesta quinta (30)

Policial iraquiano inspeciona um veículo danificado | AFP
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Ao menos 30 pessoas morreram em uma série de ataques e atentados com carros-bomba praticados nesta quinta-feira (30) no Iraque, onde a violência deixou mais de 600 mortos desde o início de maio.

Em meio a um aumento claro da violência registrado nos últimos meses tendo como pano de fundo uma grave crise política, a ONU pediu às lideranças iraquianas que se reúnam o mais rápido possível para resolver suas divergências, e não permitam que os insurgentes se aproveitem delas.

Frente à onda de violência, o governo decidiu nesta terça "agir contra todas as milícias que cometem atos fora da lei" e pediu uma reunião "das forças políticas que devem assumir suas responsabilidades".

"Estou muito preocupado", declarou nesta quinta à AFP o emissário especial da ONU ao Iraque, Martin Kobler, contatado por telefone em Berlim.

"Isso pode se agravar", advertiu, ressaltando a necessidade de um acordo político para acabar com o impasse atual.

O ministro iraquiano das Relações Exteriores, Hoshyar Zebari, também considerou necessário um acordo. É "da responsabilidade do governo redobrar os esforços e impedir que (a escalada) cause uma guerra confessional" entre sunitas e xiitas.

Nesta quinta, cinco carros-bomba explodiram e outros dois atentados sacudiram Bagdá, matando 21 pessoas e ferindo pelo menos 71, segundo autoridades dos serviços médicos e de segurança.

Dois membros da polícia fronteiriça também foram mortos a tiros em uma emboscada ao longo da principal estrada entre o Iraque e a Jordânia.

Em Mossul (norte), três policiais morreram em um atentado suicida com carro-bomba e outras quatro pessoas perderam a vida em um ataque parecido em um outro setor da cidade.

Na quarta (29), os episódios de violência deixaram 28 mortos, incluindo 16 vítimas de um atentado contra uma cerimônia de casamento.

Desde o início de maio, pelo menos 603 pessoas morreram e mais de mil ficaram feridas na onda de violência, de acordo com um registro estabelecido pela AFP com base em dados fornecidos por fontes de segurança e médicas.

O Iraque registra desde o início do ano uma espiral de violência que coincide com uma mobilização da minoria sunita para denunciar sua marginalização por parte do governo do xiita Nuri al-Maliki, acusado por seus detratores de se aferrar ao poder.

As manifestações e a violência suscitam temores de uma volta do conflito religioso que dividiu o país após a invasão americana. Entre os anos de 2006 e de 2007 a média mensal de mortes chegou a mais de mil.

Os sunitas consideram que a estigmatização de que sofrem pode ser explicada, em boa parte, pela utilização sistemática do arsenal legislativo antiterrorista contra essa corrente. E, para os analistas, este descontentamento alimenta a violência.

O governo tentou apaziguar os ânimos libertando prisioneiros e aumentando o salário dos milicianos sunitas que combatem a Al-Qaeda, mas não atacou as raízes sociais da frustração.

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