Não faltam grandes líderes nacionais com destaques nos últimos anos no mundo. De acordo com um artigo da BBC, vários são os exemplos como Barack Obama, George W. Bush, Donald Trump, Angela Merkel, Hu Jintao, Xi Jinping, Luiz Inácio Lula da Silva, Silvio Berlusconi, Binyamin Netanyahu.
Mas nem deles conseguiu a longevidade do russo Vladimir Putin, assim como também nenhum dos citados teve a mesma influência no seu país como o presidente da Rússia.
Desde 1999
No comando desde o último dia de 1999, Putin ditou o rumo de guerras, mostrou que não existem fronteiras para suas ações de espionagem e consolidou-se como uma espécie de czar moderno, com controle completo sobre o destino dos russos. No campo militar, sufocou a separatista Chechênia, anexou parte da Ucrânia, foi decisivo na guerra da Síria e recuperou o orgulho nacional pelas Forças Armadas. Na economia, aproveitou-se do valor da indústria de energia de seu país para ganhar influência internacional.
Na política, calou qualquer oposição interna, perseguiu adversários até no exterior e criou um novo conceito de "democracia russa". No campo tecnológico, a Rússia de Vladimir Putin ficou associada a fortes suspeitas de influência indevida em processos políticos e até eleições em outros países - particularmente os Estados Unidos. Mesmo depois de 20 anos no Kremlin, ele nunca demonstrou intenção de abandonar o poder. Ficou difícil imaginar a Rússia sem Vladimir Putin.
Premiê, Chechênia e presidente
Uma das notícias mais importantes para o século 21 chegou ao público nos últimos momentos do século 20. No dia 31 de dezembro de 1999, o então presidente russo, Boris Yeltsin, surpreendeu seu país e o mundo com um pronunciamento na televisão. O que parecia ser apenas uma mensagem de feliz ano novo mostrou-se um momento histórico. "Hoje eu me dirijo a vocês pela última vez como presidente da Rússia", disse Yeltsin. "Eu tomei uma decisão, e foi uma decisão difícil. Hoje, no último dia deste final de século, eu renuncio."
O líder russo pediu então "perdão" por não ter sido capaz de atender às esperanças do povo russo por uma vida melhor. Para o futuro da Rússia, no entanto, a parte mais importante de seu discurso viria no final. "De acordo com a Constituição, eu escrevi uma ordem transferindo as responsabilidades do governo para o primeiro-ministro Vladimir Vladimirovic Putin." Nascia, assim, uma das maiores personalidades políticas do século 21.
Controle político
Com o fim da União Soviética, em 1991, a Rússia ganhou uma nova Constituição. A Carta de 1993 previa mandatos presidenciais de quatro anos, sendo que o presidente só poderia exercer dois mandatos consecutivos. Com base nas novas regras, Boris Yeltsin foi eleito em 1996. Vladimir Putin, eleito em 2000, seria reeleito em 2004 para um segundo período de quatro anos. Até então, o líder russo não demonstrava nenhuma intenção de mudar as regras para continuar no poder.
Prisões e envenenamentos
Seu poder, porém, não parou por aí. Além de fortalecer sua posição, o presidente não mediu esforços para enfraquecer a concorrência. Opositores, na Rússia ou no exterior, foram alvo de perseguição, muitas vezes abertamente, prisão, por motivos duvidosos, e assassinatos - estes, nunca admitidos.
Em 2003, o então homem mais rico da Rússia, Mikhail Khodorkovsky, foi preso e acusado de crimes financeiros. Khodorkovsky, controlador da empresa de óleo e gás Yukos, sempre protestou por sua inocência. Segundo ele, sua prisão e seu julgamento foram políticos, provocados por sua decisão de ajudar financeiramente partidos de oposição. Condenado num processo criticado por governos ocidentais, Khodorkovsky passou dez anos na prisão. Após uma primeira condenação em 2005, um novo julgamento, em 2010, o condenou mais uma vez por crimes financeiros. Em 2013, porém, Khodorkovsky foi perdoado por Putin - e se mudou imediatamente para o exterior.
Dando as cartas no exterior
A Rússia de Vladimir Putin foi bem diferente da de Boris Yeltsin em vários aspectos, mas um deles se destaca: a economia. Sob Yeltsin, os russos sofreram a mais traumática e repentina perda de qualidade de vida da história do país, logo após a dissolução da União Soviética. Sob Putin, o país enriqueceu, principalmente graças à indústria de petróleo e gás. A Rússia é o segundo maior exportador de petróleo do mundo, atrás apenas da Arábia Saudita, e o maior exportador de gás natural. Nos tempos de Yeltsin, o preço internacional do barril de petróleo patinava em torno de US$ 20. A partir de 2000, começou a subir, chegando ao nível de US$ 100 no começo dos anos 2010 e mantendo-se depois em torno de US$ 50. O preço do gás triplicou na primeira década do século, para depois voltar ao patamar anterior.