O comandante do voo 447 da Air France, que caiu no Oceano Atlântico em 2009 deixando 228 mortos, decidiu não mudar a rota da aeronave, o que evitaria passar por uma tempestade com nuvens cumulus nimbus na noite do acidente. A informação foi revelada nesta sexta-feira (5) pelo jornal francês "Le Figaro", que alega ter tido acesso a trechos da caixa-preta da aeronave que não foram revelados na última semana, quando foi divulgado o mais recente relatório do Escritório de Investigações e Análises (BEA, na sigla em francês), responsável pela investigação do acidente.
Segundo o "Figaro", apesar de todos os aviões que passaram pela mesma região terem preferido modificar suas rotas para evitar a tempestade, o comandante do voo 447 disse: "Não vamos nos deixar incomodar pelos "cunims", se referindo às nuvens que teriam causado o congelamento dos pitots, responsáveis por informações de velocidade do voo.
Em vez de desviar da tempestade, o voo mudou a trajetória apenas em 12º ao se aproximar das nuvens mais carregadas, diz o jornal francês.
Segundo a publicação, 20 minutos antes do acidente, o piloto anunciou à tripulação: "Vai haver turbulência quando eu for dormir", e pouco depois saiu da cabine.
Preparo
O jornal francês diz ainda que as informações a que teve acesso revelam que o comandante do voo havia sido reprovado em um exame de atualização em janeiro de 2007, tendo conseguido passar no mês seguinte.
O "Figaro" alega que mesmo dois anos após o acidente, a companhia aérea ainda não entregou ao Escritório que investiga o acidente os documentos que comprovem o treinamento recebido pela tripulação do voo 447.