Segundo análises do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o mercado de trabalho vem se configurado como um ambiente diícil de se lidar para a população entre 18 e 24 anos. De acordo com o Ipea, os jovens vem enfrentando mais dificuldades para conseguir trabalho e, quando empregados, estão mais vulneráveis a serem demitidos.
“A probabilidade de o jovem estando desempregado conseguir emprego é menor do que os outros trabalhadores. E uma vez empregado, a probabilidade de ele ser demitido é muito maior do que a dos outros trabalhadores. É uma conjuntura muito ruim para os jovens”, analisa a diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, Maria Andreia Parente Lameiras.
Entre as pessoas de 18 a 24 anos, houve retração de 1,3% na taxa de ocupação no trimestre móvel Fernando Frazão/Agência Brasil
A Carta de Conjuntura publicada pelo instituto nesta nessa quarta-feira (20), verifica que o crescimento da população que possui um emprego perdeu ritmo ao longo do último ano. O estudo é feito com base nos dados da Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Nos meses de novembro e dezembro do ano passado e janeiro deste ano, a taxa de crescimento da ocupação (trabalho formal ou informal) foi de 0,9%. No entanto, ao se analisar essa taxa dentro do público de 18 a 24 anos, verificou-se que ocorreu um processo inverso, sendo registrada uma retração de 1,3%.
Andreia Lameiras fala que os jovens são mais penalizados porque têm menor experiência profissional e podem demandar mais treinamento para ingressar no mercado de forma positiva. “Quando a economia está em crise, e uma empresa vai dispensar trabalhadores, ela acaba por afastar aqueles que julga que a saída irá impactar menos na produtividade”. Além disso, “sempre pesa o fato de que os mais jovens não são chefes de família”, lembrou a diretora.
Lameiras ressalta que mesmo no ambiente do mercado informal e no trabalho por conta própria, os jovens desempregados têm mais dificuldades de se firmar. Assim, agrava-se a possibilidade de que desistam de procurar trabalho, mantenham-se como dependentes, e ingressem no contingente de “desalentados”. Em janeiro, a taxa de pessoas desalentadas, considerando todas as faixas etárias, teve alta de 6,7% na comparação com 2018.
A nota do Instituto acrescenta que a diminuição da ocupação para jovens em uma realidade onde o mercado de trabalho vem se recuperando lentamente da crise com a qual sofreu, “vem gerando aumento no número de domicílios que declararam não possuir renda de trabalho”.
De acordo com o Ipea, a Pnad do IBGE registrou cerca de 16 milhões de casas sem renda proveniente do trabalho no último trimestre de 2018, “o que equivale a 22,2% das quase 72 milhões de residências no país”. No mesmo período de 2017, a proporção era de 21,5%. Antes da recessão [final de 2013], o percentual era de 18,6%.