O presidente Jair Bolsonaro e pelo menos 11 ministros recepcionaram neste domingo (17) uma manifestação pró-governo cujos participantes, após uma carreata, se concentraram em uma aglomeração em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília. De máscara e ao lado dos ministros e de parlamentares, Bolsonaro acompanhou a manifestação do alto da rampa do Planalto. As informações são do G1.
Entre os ministros, estavam Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Onyx Lorenzoni (Cidadania), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia), Abraham Weintraub (Educação), Bento Albuquerque (Minas e Energia), Tereza Cristina (Agricultura), Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Jorge Oliveira (Secretaria-Geral) e André Mendonça (Justiça e Segurança). O presidente chegou a levantar as mãos de alguns dos ministros.
Em transmissão ao vivo por uma rede social, Bolsonaro pediu aos manifestantes que não usassem palavras de ordem antidemocráticas, como em atos anteriores. "Nem uma faixa nem uma bandeira que atente contra a nossa Constituição, contra o estado democrático de direito. Nisso, o movimento está de parabéns", afirmou Bolsonaro.
Embora o presidente possa não ter avistado, havia faixas com dizeres "Fora Congresso" e "Fora STF". Também havia faixas de protesto contra os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) e contra ministros do Supremo Tribunal Federal.
Segundo o presidente, foi uma manifestação "espontânea e pacífica, seguindo todos os ditames de uma boa prática, realmente sem nenhuma agressão a quem quer que seja".
Durante o período em que permaneceu no Planalto, Bolsonaro desceu a rampa a fim de acenar para manifestantes. Ele deu mão para crianças e carregou outras no colo. Em vários momentos, o presidente retirou ou tocou a parte da frente da máscara, atitudes não recomendadas por especialistas porque podem provocar contaminação.
"É muito gratificante, honroso da minha parte, meu ministério receber uma manifestação de apoio nesse sentido. Isso me fortalece, a todos nós aqui em Brasília, numa busca de conseguir meios não só para combater esse vírus, mas como proporcionar dias melhores para a nossa população, através das boas políticas implementadas, em especial pelo poder Legislativo e Executivo", declarou Bolsonaro.
Os participantes do ato, a maioria usando máscaras, se aglomeraram junto às grades de proteção em frente ao palácio, apesar das recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) da necessidade de distanciamento social a fim de se evitar a disseminação do coronavírus.
Com faixas como "Hidroxicloroquina já" e gritos de "Cloroquina", defendiam a substância propagandeada pelo presidente como remédio para a cura da covid-19, doença provocada pelo coronavírus, que até este domingo já matou mais de 15 mil pessoas e deixou mais de 233 mil doentes no país.
Estudos científicos indicam que não há evidências da eficácia da cloroquina no tratamento do coronavírus – ao contrário, pode provocar efeitos colaterais capazes de levar à morte do paciente em determinadas circunstâncias, segundo médicos e especialistas.
A manifestação
O ato começou por volta das 10h30 com uma concentração em frente ao Museu da República. Depois, a carreata seguiu pela Esplanada dos Ministérios até o gramado do Congresso Nacional. Um carro de som comandava o ato.
Também havia na carreata dezenas de caminhões, todos de mesmo modelo, de uma mesma empresa, com faixas com a inscrição "Cegonheiros" na frente.
No trio que acompanhou o percurso, os organizadores colocaram um boneco inflável com o rosto do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que segurava um símbolo de dinheiro, vestia uma camisa com o escudo do Botafogo e a logomarca da empresa Odebrecht. Na última quinta-feira, Bolsonaro recebeu Maia no Palácio do Planalto.
Um acampamento intitulado #RenunciaMaia foi montado na Esplanada dos Ministérios, com faixas pedindo a saída de Rodrigo Maia. Durante a semana, outro acampamento, também de apoiadores de Bolsonaro, estava montado na Esplanada, com o nome de 300 do Brasil.
O Ministério Público do Distrito Federal chegou a pedir à Justiça a desmobilização do acampamento do grupo 300 do Brasil. O pedido foi negado para "garantir a sobrevivência da liberdade de pensamento, da liberdade de locomoção e ao direito de reunião".
A Polícia Militar acompanhou a carreata e, segundo a corporação, não houve registro de incidentes relacionados à manifestação. No local, militares orientaram o grupo a evitar aglomerações.