O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira (8) que é preciso deixar que continuem as investigações sobre o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL), envolvido no caso de supostas candidaturas-laranja nas eleições de 2018 em Minas Gerais.
Bolsonaro comentou a situação do ministro em uma entrevista a jornalistas no Palácio do Planalto, onde participou de cerimônia de entrega de cartas credenciais de embaixadores de seis países. A entrega de cartas faz parte do protocolo para o início da atividade de novos embaixadores no país.
Após o evento, o presidente foi questionado pelos jornalistas se o caso de Álvaro Antônio provoca constrangimento no governo.
“Deixa as investigações continuarem”, respondeu Bolsonaro. Em seguida, ele encerrou a entrevista.
Repasse a candidatas
Nesta semana, a filiada do PSL Zuleide Oliveira acusou Álvaro Antônio de chamá-la para ser candidata-laranja nas eleições 2018. Segundo Zuleide, o ministro teria organizado sua candidatura para que ela pudesse devolver verbas ao partido, desviando dinheiro público da campanha.
O ministro negou a acusação e disse que Zuleide "mente descaradamente". O caso vai ser investigado pelo Ministério Público Eleitoral e pela polícia.
Outras candidatas do PSL mineiro já são investigadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público por suspeita de candidatura-laranja na eleição passada. As investigações apuram a denúncia de que o dinheiro enviado às candidatas teria sido devolvido a assessores do ministro Marcelo Álvaro Antônio.
Anteriormente, ao Jornal Nacional, a ex-candidata a deputada estadual em Minas Gerais Cleuzenir Barbosa declarou que assessores do ministro pediram a ela que transferisse dinheiro público de campanha para empresas. Em nota, Marcelo Álvaro Antônio afirmou que jamais orientou qualquer assessor a praticar ato ilícito.
Segundo o blog do jornalista Gerson Camarotti, integrantes do governo e até mesmo parlamentares da bancada do PSL demonstram desconforto com a situação de Álvaro Antônio, e tem crescido a avaliação de que o ministro deve pedir para deixar o ministério, evitando um desgaste maior do governo.
Em fevereiro, ao conceder entrevista à Rádio Gaúcha, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, afirmou que o governo observava a situação de Álvaro Antônio, mas que não havia intenção de demiti-lo.
O caso das candidaturas-laranja do PSL esteve na origem da crise que culminou com a demissão de Gustavo Bebianno do cargo de ministro da Secretaria-Geral da Presidência. A demissão foi creditada no Palácio do Planalto pela quebra de confiança na relação entre o ex-ministro, que presidiu o PSL durante a campanha eleitoral, e Bolsonaro.