O bolsista da Fundação Estudar, Wilian Cortopassi, formou-se em Química pela PUC-Rio e hoje é doutorando em Química Orgânica pela Universidade de Oxford. O jovem sonha em transformar o câncer em uma doença facilmente tratável, e está no caminho. O que frustra um pouco é que grande parte de seus modelos ainda está no estágio teórico, e as aplicações só devem aparecer em uma década. “Mas faz parte”, resume ele.
Não é como se Wilian não tivesse mostrado resultados impressionantes até agora. Hoje com 25 anos, passou sete deles trabalhando com pesquisas científicas no Brasil e publicou três artigos científicos em revistas internacionais antes mesmo de terminar a graduação.
O interesse pela área médica veio aos 15 anos, quando o pai foi diagnosticado com câncer de pulmão. A frequência de visitas ao hospital fez surgir uma vontade de mudar aquela realidade pesada de tratamentos. “A quimioterapia deixava meu pai muito mal”, lembra. Assim, em vez de derrubá-lo, a notícia serviu de propulsão para o sonho que persegue até hoje.
Logo no início da vida acadêmica, aos 16 anos, integrou a equipe da professora Antoniana Ursine Krettli, do Instituto René Rachou. É uma de suas heroínas: “Ela dedicou sua vida à novas soluções para a malária, que ainda mata 500 mil pessoas por ano, a maioria crianças na África”. A dupla ainda mantém contato, e a orientadora recentemente o visitou na Inglaterra.
“As novas soluções globais serão resultado de um grupo de pesquisadores, não apenas de um indivíduo”, explica ele, que se entusiasma ao pensar em como seus resultados podem ajudar outros pelo mundo a avançarem seus próprios projetos.
A lógica é que se houver uma maior internacionalização do cenário científico nacional, com entrada e saída de pesquisadores brasileiros e estrangeiros, pouco importa a situação socioeconômica ou o preço do dólar – afinal, a ciência é a mesma em todo lugar. “Não existe ciência do Brasil, dos EUA ou da Inglaterra: todos temos de trabalhar juntos para resolver problemas locais e globais”, conclui.