Jovem de Campo Maior apresenta projeto sobre hanseníase na Bélgica

Ele conquistou sonho de passar no vestibular da UFPI

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Raimundo Otávio Ribeiro Neto mora em Campo Maior (PI), a 85 quilômetros de Teresina. Com 19 anos, ele conquistou sonho de passar no vestibular da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e estudar Comunicação Social.

Neste sábado (18), Otávio Neto, como é conhecido na cidade, embarcou para Bruxelas, na Bélgica. Ele e uma colega formam uma das 20 equipes que vão representar o Brasil na Expo-Sciences Internacional (ESIMundi).

O projeto Diagnóstico e acompanhamento dos casos de hanseníase nas unidades básicas de saúde na zona urbana de Campo Maior foi desenvolvido pelo jovem e pela estudante Nazaré Andrade, no ano passado, quando ainda cursavam o ensino médio no curso profissionalizante de Técnico em Enfermagem no Centro de Ensino Profissionalizante de Tempo Integral.

Em uma aula, descobriu que seu município apresentava dados preocupantes de hanseníase. “Temos 45 mil habitantes e 80 casos da doença”, conta Otávio.

Estimulado pela professora Silva Orsana, eles resolveram trabalhar um projeto que envolvia o seu sonho: conscientizar as pessoas, por meio da divulgação em veículos de comunicação, sobre a importância do tratamento da doença e o combate ao preconceito.

“Multiplicamos a informação para minimizar o preconceito e mostrar que o tratamento é simples, leva de seis meses a um ano.” O trabalho dos piauienses ganhou o direito de representar o Brasil em um dos maiores eventos científicos do mundo após ter ganhado o título de melhor projeto da II Feira de Ciência e Engenharia do Estado do Amapá.

“É uma satisfação representar meu estado e meu país. Meu objetivo é levar o projeto para a universidade”, destaca.

A viagem está sendo custeada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí (Fapepi).

Educação – A mãe do jovem, Maria Amparo, conta que a educação sempre foi vista pela sua família como algo essencial para que eles pudessem ter uma vida melhor. Seus pais eram analfabetos e ela conseguiu completar o ensino médio. O pai de Otávio, Edvar, é pedreiro, nunca dirigiu um carro e não conseguiu completar o ensino fundamental. Sua diária custa em média R$ 80 e sua especialidade é o acabamento. Ele mesmo que construiu a casa em Campo Maior onde a família mora. E diz que todo o seu trabalho é voltado para garantir que os filhos possam estudar. Até o mês passado, a família era beneficiária do Bolsa Família.

Maria Amparo usava a complementação de renda para alimentação, uniforme, material escolar e na compra de remédios. Otávio reforça a importância do programa. “Na escola, alguns alunos tinham melhores condições. Com o Bolsa Família, conseguimos comprar uniforme, sapatos, material escolar... E isso igualou os alunos.”

A irmã Jamile Loides Otávio Ribeiro, 23 anos, também conseguiu entrar na faculdade. Ela está cursando licenciatura em Biologia na Universidade Estadual do Piauí, em Campo Maior. No ensino médio, fez curso técnico de Higiene Bucal. Ainda concluiu um curso profissionalizante de Maquiadora, pelo Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).

Maria Amparo conta que devolveu o cartão do Bolsa Família porque a filha conseguiu um emprego com carteira assinada. “Jamile foi umas das 10 selecionadas, entre 80 candidatos, por uma rede de farmácias para trabalhar como operador de caixa. Teve prova de português e matemática, entrevista e teste psicológico.” Na segunda-feira (13), a farmá cia foi inaugurada e o primeiro dia de trabalho de Jamile. Eles combinaram que ela vai deixar o tíquete alimentação, no valor de R$ 180 – superior aos R$ 70 que recebiam do Bolsa Família – para a mãe usar nas compras de casa. E ainda se propôs a ajudar no gasto diário com os estudos do irmão, cerca de R$ 20 por dia entre as passagens de ônibus intermunicipal e dentro de Teresina e na alimentação no restaurante universitário. “Devolvi porque sei que tem outras pessoas precisando. E minha filha pode ajudar agora no que for preciso”, finaliza a dona de casa.

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