"Ele me machucou muito. Enquanto o PM me estuprava, minha cabeça batia no vidro da viatura. O outro policial só dirigia como se nada estivesse acontecendo. Eu já chorei demais". Esse é o desabafo da jovem de 19 anos que afirma ter sido estuprada dentro de uma viatura por policiais militares em Praia Grande, no litoral de São Paulo. A vítima contou detalhes sobre o ocorrido. Com informações do G1.
Conforme conta, ela voltava da festa de uma amiga quando pediu ajuda a dois policiais, perguntado onde encontrava um ponto do ônibus. "Eu estava vindo de outra cidade e tinha perdido o ponto de descida em São Vicente, onde moro. Então tive que descer em Praia Grande, por isso pedi ajuda".
De acordo com a jovem, nesse momento, os policiais ofereceram carona até o Terminal Rodoviário Tude Bastos, na mesma cidade, afirmando que seria mais fácil para ela conseguir pegar um ônibus. "Eu aceitei. Nunca esperei que uma pessoa que deveria garantir a minha segurança poderia fazer isso comigo”, diz.
Violência
A menina relata que sentou no banco de trás da viatura e um dos policiais sentou ao seu lado. Com o carro em movimento, ela conta que ele começou a puxar seu cabelo para que ela o beijasse. De acordo com ela, pelo agressor ser policial, as pessoas duvidam de seu depoimento.
"Ele abriu as calças, com a arma na cintura, e forçou a minha cabeça para que eu fizesse sexo oral nele. Depois me jogou no banco e me violentou sexualmente, sem camisinha. Eu falava que não queria e ele continuava. Senti muito medo e fiquei sem reação", diz.
A jovem relata que ficou em estado de choque quando o policial parou de abusar sexualmente dela. “Me deixaram na rodoviária como se nada tivesse acontecido”. Com medo, ela afirma que saiu sem olhar para trás e acabou esquecendo o celular no banco da viatura. "Ele ainda teve coragem de perguntar se estava tudo bem. Eu só queria ir embora", acrescenta.
Investigação
O caso foi registrado na Delegacia Sede da cidade e será investigado pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM). Os agentes envolvidos no ocorrido negam o crime.
"Ninguém trata como um abuso porque ele é um policial, mas não deveria ser assim. Quando fui na delegacia prestar depoimento, ele ainda teve coragem de olhar para mim, com os braços cruzados, e riu ironicamente", conta a jovem.
Conforme explica, mesmo sendo pressionada pelos investigadores e advogados do policial a não divulgar o ocorrido, ela resolveu falar para que isso não aconteça com outras mulheres.
“Isso pode acontecer com outras meninas, se já não aconteceu. Se eu tivesse respondido na hora, ele poderia até ter me matado e me jogado no mato, ninguém iria saber. Eu não quero que isso aconteça com mais ninguém. Por isso não vou me calar", finaliza.
A PM informou que instaurou Inquérito Policial Militar para apurar os fatos e que está buscando provas testemunhais, além de verificação de imagens do videomonitoramento da prefeitura de Praia Grande e do shopping onde os patrulheiros estavam próximos, estacionados em viatura.