Dados da Pesquisa Especial de Tabagismo (PETab), divulgada ontem pelo INCA (Instituto Nacional de Câncer) revelam que os jovens dos Estados do Nordeste, incluído o Piauí, onde o levantamento também foi feito, e da região Centro-Oeste, começam a fumar cigarros antes dos 15 anos e são os que começam a fumar mais cedo em todo o Brasil.
Segundo a pesquisa, a geração de brasileiros nascida a partir da década de 80, ou seja, que hoje tem até 30 anos, começou a fumar, em média, aos 17 anos. No Nordeste e no Centro-Oeste, a proporção de jovens que começa a fumar antes dos 15 anos é maior do que nas outras regiões.
O estudo revela ainda que a proporção de jovens do sexo feminino que começa a fumar antes dos 15 anos de idade é 22% maior do que a dos homens, em todas as regiões do país.
Se a média dos jovens do Nordeste começa a fumar aos 15 anos de idade, no Brasil eles começam a fumar com uma média de 17 anos.
A análise dos dados da PETab, que o Instituto Nacional de Câncer (INCA) divulgou para marcar o Dia Nacional de Combate ao Fumo, celebrado no dia 29 agosto, foi realizada como parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD 2008), do IBGE, e tem por objetivo fornecer informações para subsidiar a política nacional de controle do tabaco.
Os jovens são a parcela da população que menos procurou algum tipo de ajuda para deixar de fumar, apesar de 48% das pessoas dessa faixa etária terem relatado pelo menos uma tentativa de parar de fumar nos últimos 12 meses.
Chama a atenção o fato de, entre os jovens, os homens fumarem 2,5 vezes mais do que as mulheres. Entre as outras faixas etárias da população essa proporção é menor. Uma das explicações para isso é o fato de que as mulheres param de fumar numa proporção duas vezes maior do que os homens.
A PETab foi feita em 51.011 domicílios, entrevistando fumantes, não fumantes e ex-fumantes. O trabalho, que é a mais completa pesquisa feita sobre tabagismo no Brasil, foi realizado em outros 13 países. Internacionalmente, a pesquisa é conhecida como Global Adult Tobacco Survey (Pesquisa Global de Tabagismo).
Uma das informações mais relevantes da pesquisa, em relação à juventude, é a constatação de que os jovens são mais sensíveis à propaganda pró-tabaco do que os adultos ? 48,6% dos jovens relataram ter percebido propaganda pró-tabaco ante 38,7% dos adultos.
Esse resultado pode indicar que existe um esforço da indústria para atingir os indivíduos com 24 anos de idade ou menos nas ações de promoção e propaganda de produtos do tabaco. Isso fortalece a necessidade de criar estratégias de informação sobre controle do tabaco junto aos jovens, por meio de formatos e conteúdos diversificados.
A pesquisa revelou que o nível de dependência severa de nicotina dos jovens foi 50% menor do que a dos adultos.
Isso mostra a importância do estímulo à cessação entre essa população, e principalmente da prevenção, para evitar que comecem a fumar.
O nível de dependência foi medido na PETab por meio de duas perguntas: o número de cigarros fumados por dia e o tempo que a pessoa leva para acender o primeiro cigarro após acordar. O cruzamento dessas respostas determina o nível de dependência, que pode ser baixa, elevada ou moderada.
De modo geral, os dados demonstram a necessidade de explorar melhor as ações de controle do tabagismo entre a população de 15 a 24 anos.
Exemplo: os jovens percebem menos a propaganda antitabaco veiculada por meio do rádio. É preciso reforçar as mensagens sobre prevenção e cessação tanto em programas de rádio como de TV voltados ao público jovem.