Uma dona de casa de 24 anos fez uma postagem na web pedindo socorro para evitar que o pai matasse a mãe em Santos, no litoral de São Paulo. De acordo com Gheovanna Camargo Afonso, a mãe registrou boletim de ocorrência na Delegacia de Defesa da Mulher da cidade, mas foi orientada a procurar a casa de alguém para se esconder, pois os policiais não poderiam fazer nada. As informações são do G1.
"Essa precisa ser a última vez. Ela não pode arriscar de novo. Ele é um homem de dois metros de altura e a gente não pode sentar no sofá e esperar ele matar a minha mãe. Não dá mais. Pelo amor de Deus, alguém precisa dizer para a gente que tem como sair dessa sem ser no caixão (sic)", escreveu na postagem.
A vítima, uma costureira de 43 anos, que prefere não se identificar, relata que já sofre violência física e psicológica há mais de 20 anos pelo taxista de 46 anos. "Tenho muito medo, porque ele é muito agressivo. Estou escondida em um lugar porque ele está me ameaçando constantemente. Tenho medo também pelas crianças", diz.
Ela relata ter saído da Delegacia de Defesa da Mulher sem nenhuma medida protetiva, mesmo mostrando e relatando as ameaças que recebe o tempo todo pelo celular e as agressões. Além das violência que diz sofrer, ela afirma ter medo pelos três filhos que tem com o companheiro.
A jovem ainda relata que a mãe é vítima de agressão há muitos anos e que está sendo ameaçada de morte pelo pai diariamente. "Minha mãe não tem família, não temos para onde fugir, tenho medo que ele a mate", relata. Ela também contou que a irmã mais nova nasceu no 5º mês de gestação, devido a uma agressão que a mãe sofreu quando estava grávida.
De acordo com ela, na última segunda-feira (23) a família foi até a Delegacia de Defesa da Mulher de Santos para registrar boletim de ocorrência. "Lá, nos orientaram que era melhor procurarmos a casa de alguém para nos escondermos. Mostramos os prints das ameaças e nos disseram que não poderiam fazer nada, que tínhamos que levar as conversas impressas", conta.
"Eu recebo ameaça de morte constantemente. Ele tem surtos e tranca a gente dentro de casa. Eu não posso nem abrir janela. Quando eu vou no mercado, tenho um tempo para ir. Se ele foi e cronometrou que gastou 15 minutos, então todo dia eu tenho que ir e gastar esse tempo também", conta a costureira.
Ela também relata que o companheiro tem muito ciúmes dela e não a deixa trabalhar fora de casa ou comprar nada com o próprio dinheiro que ganha com as costuras que faz. "Eu não posso sair, comprar nada com o meu dinheiro, se não tudo é porque tenho amante. Ele tem muita certeza da impunidade dele, que não vai acontecer nada se me matar. Todos esses anos sofri por medo. As crises dele estão piorando e eu fico submissa", finaliza.
Ainda de acordo com a delegada, a impressão das mensagens é importante para que as provas sejam anexadas no processo que será enviado ao juiz, garantindo maior chance do deferimento da medida protetiva.
Fernanda ainda destaca que a vítima foi orientada a procurar o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) para abrigamento sigiloso e seguro durante o andamento do processo.