A última terça feira (04) foi de muita concentração para um grupo de alunos da cidade de Cocal dos Alves, a 258 km de Teresina. E não é para menos: Os estudantes prestaram as provas da primeira fase da nona edição da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), um teste e tanto para as jovens promessas de Cocal ? cidade que já se notabilizou por mostrar ao país alunos de desempenho excepcional nessa disputa, que costuma despertar nos jovens o gosto pela matemática e, frequentemente, serve para impulsionar conquistas mais ousadas.
Francimar de Brito Vieira, de 17 anos, acertou todas as 20 questões da prova. O jovem, que é aluno do terceiro ano do ensino médio, é experiente na Olimpíada ? já conquistou uma medalha de prata e três de bronze. Agora, persegue seu primeiro ouro. O estudante conta que, antes de fazer uma prova da OBMEP pela primeira vez, ainda na 5ª série do ensino fundamental, não tinha tanto gosto pela ciência dos números ? temida por tantos.
?Desde pequeno eu gostava, mas não era tanto. Aí veio a primeira prova da Olimpíada, quando ganhei uma menção honrosa. Foi nesse momento que eu percebi que gostava mesmo de matemática e que precisaria me concentrar nisso?, revela o rapaz. A rotina de estudos de Francimar é composta por uma média de duas horas na parte da manhã, ida à escola no turno da tarde e mais duas horas e meia na parte da noite. Para complementar, o jovem se reúne para estudar em grupos com outros alunos.
Outro nome promissor no mundo dos números e cálculos é José Márcio Machado de Brito, também de 17 anos. O jovem acertou 19 das 20 questões da prova da última quarta, e avalia positivamente seu desempenho. ?Fui bem?, resume o garoto de poucas palavras. O retrospecto do rapaz impressiona: na 5ª série, quando participou da OBMEP pela primeira vez, conquistou uma medalha de bronze. No ano seguinte, veio o primeiro ouro. Na 7ª série, mais um ouro, e na 8ª, veio mais um bronze.
Assim como Francimar, José Márcio tem uma rotina disciplinada de estudos. Duas horas na parte da manhã e mais duas horas e meia durante a noite ? mais o colégio à tarde. ?Quando estudo sozinho, em casa, aprendo bastante, mas o fato de estudar em grupo também ajuda bastante. Ouvir as ideias dos colegas, trocar experiências, tudo é muito bom?, explica o aluno. As reuniões são feitas na própria escola estadual Augustinho Brandão, onde estudam Francimar e José Márcio.
Além da rotina de estudos parecida, Márcio tem outro ponto em comum com Francimar: a OBMEP também foi decisiva para que a matemática entrasse de vez em sua vida. ?Foi na primeira vez que fiz a prova da Olimpíada que descobri meu gosto pela matemática. A OBMEP quer exatamente isso ? que os estudantes passem a gostar de matemática. E comigo foi exatamente assim?.
Os dois fazem parte das esperanças de medalha nas provas da segunda etapa da Olimpíada, que serão realizadas em 14 de setembro.
Professor Antônio Amaral vai coordenar preparação de alunos
Um total de 205 alunos da escola estadual de ensino médio Augustinho Brandão participaram da primeira etapa da 9ª OBMEP, sendo 153 do ensino fundamental e 52 no ensino médio. Dos primeiros, sete obtiveram a classificação, enquanto 12 do segundo grupo carimbaram o passaporte para a segunda fase.
Passada a primeira fase da olimpíada, os esforços devem se intensificar ? focando nos alunos que obtiveram classificação. Pensando nisso, o professor Antônio Cardoso do Amaral (que se notabilizou por transformar a cidade de Cocal dos Alves em um celeiro de campeões da Olimpíada de Matemática) vai coordenar os estudos dos jovens, dando ênfase às atividades em grupo.
Em entrevista ao Jornal Meio Norte, o professor adiantou detalhes da preparação dos talentos locais. ?Vamos buscar provas das edições anteriores da OBMEP para usar como treinamento. Vou participar mais como coordenador. Vale dizer que, antes mesmo da primeira etapa, nossos alunos já resolviam provas passadas. Agora, é reunir os que se classificaram e reforçar os estudos?, disse o professor.
Ainda de acordo com Amaral, o próprio formato da OBMEP favorece o desenvolvimento do gosto pela matemática nos alunos. ?Jovens, por natureza, gostam de competir, de ser avaliados. Além disso, a olimpíada funciona como uma porta para programas de iniciação científica, e temos vários alunos que já se beneficiaram disso?.
Recentemente, o professor esteve na França, onde participou, com outros 26 professores, da primeira turma do Programa de Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional (Profmat). Por lá, viu um ambiente totalmente distinto que, segundo ele, o surpreenderam. Foram 28 dias de aprendizado e descobertas, que devem enriquecer ainda mais a já vasta bagagem de ideias do educador ? eleito homem do ano em 2011 por uma revista de circulação nacional.
?Fui em uma condição especial, representando o conselho técnico científico da educação básica da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), do qual faço parte. Por lá, participei de um curso de didática da matemática, e conheci de perto a forma com que a França olha para a educação básica. Eu e os demais professores ficamos encantados com a consistência do sistema educacional do país, que é consolidado, organizado e pensado de forma a atender a todos?, finalizou o educador.