Mais um capítulo do caso Eliza Samudio. Começa nesta segunda-feira (22) o julgamento do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola. Ele é acusado de matar a ex-amante do goleiro Bruno e de sumir com o corpo dela.
Segundo as investigações, Bola pode ter cometido outros assassinatos. Um dos indícios foi encontrado na casa dele: uma foto em que dois homens aparecem com cruzes marcadas na testa.
Qual é o verdadeiro Bola? O que chorou em depoimento à Justiça? Ou o matador de aluguel, frio e calculista que, segundo a acusação, guardava até foto das vítimas?
?Tudo o que você pensar em termos de maldade que se pode fazer com um ser humano, ele é capaz?, afirma José Arteiro, advogado da família de Eliza Samudio.
Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, está preso desde julho de 2010. A acusação: assassinato e ocultação do cadáver de Eliza Samudio, a amante com quem o ex-goleiro Bruno teve um filho. Ela exigia reconhecimento de paternidade e pagamento de pensão.
O Fantástico mostra detalhes de outros crimes que, segundo a promotoria, foram cometidos por Bola e que confirmam o perfil violento dele.
Ex-policial, 50 anos, Bola é acusado de fazer parte de um grupo de extermínio. "Bola é uma pessoa muito perigosa, que tem um grau de relacionamento dentro da polícia e isso devia, de certa forma, facilitar as ações dele?, avalia a promotora Mirella Giovanetti.
De acordo com o Ministério Público, em 2008, ele e três policiais do G.R.E, o Grupo de Resposta Especial da Polícia Civil de Minas, mataram dois homens: Paulo César Ferreira e Marildo Dias de Moura tinham antecedentes criminais.
As investigações mostram que o duplo assassinato foi no sítio onde Bola treinava policiais, em Esmeraldas, Região Metropolitana de Belo Horizonte. Hoje, não há mais cursos no local.
Segundo a acusação, as vítimas foram algemadas, torturadas e mortas. Depois, o grupo teria cortado os corpos e colocado fogo. Uma nova prova desse crime foi encontrada na casa de Marcos Aparecido, o Bola, durante as investigações do caso Eliza Samudio.
Na casa em Vespasiano, os policiais acharam um papel amassado. Na verdade, era a cópia de uma foto em que aparecem seis homens. Dois deles estão marcados com cruzes na cabeça. Segundo as investigações, eles são Paulo César e Marildo, os mortos em Esmeraldas. Os corpos nunca foram encontrados.
?Os cachorros de Bola teriam violentado essas pessoas ainda em vida e depois esses corpos sumiram misteriosamente. Então, tem uma dinâmica similar à dinâmica da morte de Eliza?, destaca o chefe do departamento de homicídios Wagner Pinto Souza.
Em julho de 2009, em Belo Horizonte, Bola foi visto praticando um outro assassinato. A vítima era Devanir Alves, um motorista particular de 54 anos.
Segundo uma testemunha, Marcos Aparecido, o Bola, cumprimentou a vítima e assim que se certificou do nome da pessoa, atirou três vezes. O homem caiu morto quase na porta de casa e na frente da filha, que na época tinha três anos.
O Fantástico localizou uma parente de Devanir. ?Acabou com a vida da família toda. Não precisava fazer isso?, ela diz.
As investigações mostram que Bola foi contratado pelo comerciante Antônio Bicalho. A então mulher de Antônio teria um romance com Devanir. ?Ela fala, jura, que nunca teve nada com esse tal Devanir?, afirma Antônio.
Antônio diz que é inocente, vítima de uma armação. ?Eu não conheço o Bola. Nunca vi o Bola?, garante.
Segundo o Ministério Público, por causa da fama de matador, Bola foi contratado por R$ 70 mil para executar Eliza e sumir com o corpo dela.
Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, braço direito de Bruno, já foi condenado nesse caso a 15 anos de cadeia. O ex-goleiro pegou pena maior: 22 anos e três meses.
O julgamento de Bola está marcado para começar nesta segunda, em Contagem, Minas Gerais.
A defesa vai alegar inocência: ?Vamos provar a fraude nesse processo, fraudes graves. Marcos Aparecido está sendo escolhido para ser réu?, afirma o advogado Fernando Magalhães.
Quanto aos outros três assassinatos mostrados nessa reportagem: ?Marcos Aparecido nos diz, nos olhos, olhando, e sentindo, tanto no tom da voz, o seu sofrimento: ?sou inocente de todas as acusações??, declara.
No caso da ex-amante de Bruno, Bola pode ser condenado a 33 anos de cadeia.
O advogado da família de Eliza, assistente de acusação, adiantou o que vai dizer ao ex-policial, durante o julgamento: ?Você é um sujeito que tem que permanecer preso?.