Júlio Lancelotti, um padre com o compromisso de cuidar de quem precisa

Pároco da Igreja de São Miguel Arcanjo, no bairro da Mooca, em São Paulo, participou de entrevista ao programa Notícias da Boa, na Rádio Jornal Meio Norte

Padre Júlio Lancellotii | Reprodução/Facebook
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Na manhã desta sexta (17) o padre paulista Júlio Lancelotti, conhecido por seus trabalhos assistências com pessoas mais vulneráveis, concedeu uma entrevista ao programa Notícias da Boa, na Rádio Jornal Meio Norte, apresentado pela jornalista Cinthia Lages sobre o compromisso de cuidar de quem precisa. Ele ainda mensurou sobre homofobia e ataques fascistas.

Há 36 anos, Lancelotti desenvolve obras pastorais junto aos moradores de rua na capital paulista e ficou conhecido por sua luta em defesa dos Direitos Humanos. Sobre generosidade, o religioso disse que os desafios potencializados pela pandemia são muitos.

Pe. Júlio Lancelotti em entrevista ao programa Notícias da Boa nesta sexta (17)

“Quem entrou humano na pandemia ficou humano e vai sair mais humano, quem entrou egoísta continuará egoísta. Esse momento de emergência sanitária potencializa aqueles valores que já estão em nós. Não é a pandemia que vai nos tornar pessoas diferentes, não é uma varinha de cordão que muda, precisamos ter o compromisso de defender os mais pobres ”, falou.

Lancelotti relembrou seu carinho pelos piauienses e fez menção a trajetória do santo ‘São Raimundo Nonato’. “O Piauí é um estado muito querido, há muitos piauienses em São Paulo, eu gosto muito de São Raimundo Nonato. Transmito todo meu carinho ao Piauí e ao povo nordestino”, disse.

Durante uma missa na paróquia São Miguel Arcanjo, na Mooca, zona leste da Capital paulista, onde é pároco, Lancelotti pediu perdão à comunidade LGBT por conta da homofobia de alguns líderes religiosos. O vídeo do sermão do padre viralizou nas redes sociais. A onda de fascismo e de intolerância no Brasil preocupam o religioso. Ele acredita que os ataques à democracia e crimes homofóbicos sofridos pela população LGBTQI+ tem uma razão.

Lancelotti pediu perdão à comunidade LGBT por conta da homofobia de alguns líderes religiosos- Foto: Reprodução/Facebook

“Com 78 anos de idade, estou vivendo com indignação e coragem de lutar contra essa onda neofascista, de autoritarismo e essa ameaça de ditadura. É preciso que haja liberdade aos quilombolas, aos povos indígenas, que haja respeito à população LGBTQI+, às religiões afro, que tenhamos respeitos a todos, que todas as pessoas se sintam irmãos e comprometidos”, pontua pe. Júlio, relacionado o caso a situação vivida no país.

“Nós temos que garantir a todos acessos, não gosto da palavra oportunidade e não ficarmos numa sociedade de meritocracia, mas numa sociedade de gratuidade”, expressou.

Ataques

Pe. Júlio, muitas vezes, já recebeu ameaças de morte e comentários hostis. Perguntado se tem medo de morrer, o religioso afirmou que não e, em entrevista à rádio, disse: "eu recebo muitas ameaças de morte, eu sigo Jesus e busco ter força. Não posso me deixar levar pelo medo e pelo ódio. Nunca vou usar da mesma arma aqueles que me atacam, não vou usar fake news, não vou usar a honra das pessoas”.

Sobre o momento difícil de crise vivida por milhões de brasileiros por conta da pandemia, a lição que o sacerdote propõe a enxergar está em uma mensagem — é preciso ser solidário: “Nós não somos onipotentes, temos que ser mais humildes e partilhar, não temos que ter pressa, o importante é garantir a vida de nosso povo, sejam generosos e corajosos, sigam a Jesus, cuidem dos mais pobres, não desprezem a ninguém, não tenham homofobia, sejam um sinal do amor de Deus, e é isso que tem que ficar”, concluiu.

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