Em fevereiro desse ano a justiça de Goiás proibiu Ana de fabricar e comercializar suas estátuas de gesso estilizadas, misturando a imagem de santas com personagens da cultura pop como a Galinha Pintadinha, Chapolim, Batgirl, Mulher Maravilha e Frida Kahlo. O resultado, tão inocente quanto uma piada colegial, é simpático e bem humorado, mas poderá multar a artista em até 50 mil reais, caso venha a descumprir a ordem judicial.
E os tempos são sombrios de fato, pois além de impedir a artista de realizar sua inocente blasfêmia, a censura exigiu que as páginas da marca no Facebook e no Instagram fossem deletadas, assim como a retirada de produtos de uma loja em Brasília. Ana recebeu ainda ameaças pela internet, com a violência peculiar dos que só dizem que vivem sob os valores cristãos. “Porque você não faz uma santa com a sua cara sendo penetrada?”, dizia uma das mensagens.
A artista defende que a intenção da marca não era desafiar ou ofender símbolos religiosos, mas sim observar com humor o aspecto pop e até mesmo comercial que a experiência religiosa cada vez mais possui. Religião é assunto sério e importante, mas de foro individual e íntimo, e não pode ser utilizada como mecanismo de censura e coerção.