Desde que foi idealizada, a tecnologia social Encauchados de Vegetais da Amazônia vem proporcionando o desenvolvimento social, de forma sustentável, em comunidades indígenas, ribeirinhas, quilombolas e de assentados da reforma agrária.
A metodologia combina técnicas indígenas no manuseio do látex para a produção da borracha. O líquido vulcanizante, que não deixa o látex perder a elasticidade e coagular, foi desenvolvido pelo pesquisador Francisco Samonek. O material misturado com fibras vegetais é usado na fabricação de toalhas de mesa, tapetes, sousplat (acessório utilizado como base para prato, que ornamenta o ambiente da refeição e protege a toalha de mesa), centros de mesa, porta-trecos, embalagens, bolsas, camisetas pintadas em blockprint (impressão xilográfica) com látex pigmentado, 50 variedades de folhas, marcadores de textos, estofamentos para móveis, biojoias, mantas decorativas, fios emborrachados, solados para calçados, chinelos, sandálias e palmilhas.
Em 2007, a inciativa foi vencedora do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social, na categoria Região Norte. Neste ano, o Polo de Proteção da Biodiversidade e Uso Sustentável dos Recursos Naturais – Poloprobio, entidade responsável pela tecnologia social, foi contemplado no edital de Reaplicação de Tecnologias Sociais (Reaplica TS), da Fundação Banco do Brasil e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para promover inclusão socioprodutiva das famílias de agricultores em situação de vulnerabilidade social, auxiliando na renda, com cidadania e respeito a cultura local.
Protagonismo Feminino
A participação das mulheres no projeto é significativa. Elas ocupam mais que dobro das colocações e abraçam a oportunidade como alternativa para a independência financeira. “Com mais essa parceria com a Fundação Banco do Brasil, buscamos o empoderamento e a emancipação das mulheres para obterem uma renda complementar, de forma contínua. Além disso, estamos proporcionando qualificação profissional para homens e mulheres”, destaca Maria Zélia Machado Damasceno, artesã, instrutora nos cursos de artesanato e coordenadora pedagógica dos Encauchados.
Maria Zélia também explica que a iniciativa traz benefícios não só para as famílias, mas também para o meio ambiente. “Para cada quilo de borracha produzido, um hectare de floresta é mantido em pé. Ao se qualificar profissionalmente, o agricultor/a familiar se habilita a se credenciar como produtor de borracha orgânica junto ao Ministério da Agricultura. Esse material é produzido por meio de uma tecnologia social que elimina a necessidade de uma usina de beneficiamento para que possa ser utilizado nas indústrias”, disse. A coordenadora faz pontuações importantes - “Para beneficiar um quilo da borracha na usina seriam gastos, no mínimo, 10 litros de água, pois a borracha convencional contém muitas impurezas e contaminações por microorganismos. A água que seria utilizada geraria efluentes que precisariam ser armazenados e tratados antes de serem devolvidos ao ambiente. Enquanto a borracha do produtor orgânico vai direto para a fábrica sem nenhum tratamento e transforma-se em produtos de mercado”-, finaliza.