Cuidar da saúde é uma das últimas preocupações dos homens cariocas. Um levantamento realizado pela Secretaria municipal de Saúde mostra que a grande maioria foge das consultas médicas de rotina e só procura ajuda quando está com problemas mais sérios. Dos cerca de dez milhões de atendimentos ambulatoriais de atenção básica realizados na rede municipal de janeiro a julho, somente 12% dos pacientes eram do sexo masculino (na faixa de 20 a 59 anos). Quando incluídos os idosos, o índice de homens que procuram os serviços de saúde de forma preventiva não ultrapassa os 25%. Mas, quando considerada a atenção secundária (policlínicas e locais de exames), os homens de 20 a 59 anos representam 30%, o que confirma que só procuram serviços de saúde quando já estão doentes.
Para mudar o quadro, a secretaria vai criar a Gerência de Saúde do Homem, com a missão de definir estratégias para aumentar o interesse dos homens pelo atendimento ambulatorial. Uma delas é aumentar o horário de atendimento das Clínicas de Família até as 20h para que os trabalhadores tenham mais oportunidades de conseguir uma consulta. Até o fim do ano, estarão implantadas 24 unidades.
- Vários fatores contribuem para que o homem não procure atendimento. Tem a questão do horário, o pensamento masculino de que nada de ruim vai acontecer. Também existe o temor de que, se for ao médico, vai achar algum problema - diz Andrea Castro, que ficará à frente da nova gerência.
Segundo o levantamento, as especialidades mais procuradas pelos homens são angiologia, clínica médica, pneumologia, psiquiatria, fisioterapia, terapia ocupacional e psicologia. Para conquistar mais pacientes masculinos, principalmente para consultas de cardiologia (doenças cardiovasculares uma das maiores causas de mortes), a secretaria vai atuar em várias frentes. Uma das ideias é fazer parcerias com empresas para que as equipes masculinas parem, dez minutos por dia, para assistir a orientações de saúde. Uma grande rede de supermercados já adotou a ideia.
Outra medida será estimular o homem que acompanha a companheira grávida no pré-natal a também fazer exames de rotina.
- Já percebemos que a implantação de academias de ginástica em unidades de saúde tem feito com que os homens se interessem mais pelos cuidados com a saúde e procurem atendimento preventivo. A gerência agora vai procurar novas formas de atrair os pacientes do sexo masculino - diz o secretário de Saúde, Hans Dohmann.
Nas 13 unidades onde já foram implantadas academias, a procura pelos serviços de saúde era baixa, mas agora chega a 18% de homens. No Rio, há cerca de 1,5 milhão de moradores do sexo masculino, entre 20 e 59 anos, e 1,8 de mulheres na mesma faixa etária.