O governador Wellington Dias (PT), do Piauí, será o emissário do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas conversas com o PSDB e outros partidos do centro. A estratégia do PT é encontrar “um lugar para Lula na crise sanitária”. A intenção é que o petista se junte a outros ex-presidentes – como Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Michel Temer (MDB) – na busca por uma influência internacional que possa ajudar o País a conseguir vacinas e insumos para a produção de imunizantes. “É hora de dar os braços ao João Doria, ao Eduardo Leite, independente de 2022. É a hora de os líderes demonstrarem grandeza”, afirmou Dias ao Estadão, sobre os governadores tucanos de São Paulo e do Rio Grande do Sul.
Dias e Lula conversaram na quinta-feira passada. O aliado do Piauí é o coordenador do consórcio de governadores do Nordeste, que anunciou, no dia seguinte, um acordo com o fabricante russo da vacina Sputnik para a compra de 39 milhões de doses. A inclusão de Lula nos diálogos sobre a crise teria dois objetivos: mantê-lo em evidência, mas fora do noticiário sobre seus problemas judiciais, e reforçar a estratégia de buscar estabelecer pontes com o centro.
Na quarta-feira, o ex-presidente aconselhou que o partido repensasse os encontros eleitorais que havia autorizado o ex-prefeito Fernando Haddad a cumprir. Candidato derrotado em 2018, ele já havia se reunido com o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD). Na quinta passada, deveria ter se encontrado o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ), mas cancelou. A ordem é deixar baixar a poeira da decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que tornou Lula elegível.
ACENO
Para conseguir romper o espectro da esquerda onde estava relegado nos últimos anos, o petismo não poupa, agora, elogios à atuação de Doria na pandemia.
Wellington Dias afirmou: “O papel dele é importantíssimo. Se não fosse o governador Doria, não teríamos vacinação. São do Butantan cerca de 8 milhões das 12 milhões de vacina aplicadas até agora no Brasil.”
O governador do Piauí disse ter explicado a Lula que vacinas e respiradores são hoje alvo de um “leilão mundial” e que não há coordenação no País que auxilie os Estados nessa busca. “Lula é respeitadíssimo, assim como Fernando Henrique Cardoso e (Michel) Temer. Eles podem usar seus contatos internacionais. A OMS (Organização Mundial da Saúde) diz que o Brasil se tornou um risco mundial. Se o Brasil é um risco, precisamos ser socorridos”, disse.