O macaco Chico que ficou conhecido no Brasil inteiro por aparecer "amolando" uma faca e "batendo" roupa em Corrente, no Sul do Piauí, voltou ao seu habitat natural nessa quinta-feira (6) após três meses de reabilitação no Bioparque Zoobotânico de Teresina.
Em junho deste ano, vídeos mostrando as travessuras de Chico viralizaram nas redes sociais. Na época, o animal foi recolhido por técnicos do ICMBIO e veterinários voluntários, sendo entregue ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) do Ibama-PI, onde passou pelos protocolos de exames e identificação com a microchipagem, coordenados pela equipe de professores, veterinários e alunos de Clínica e Manejo de Animais Silvestres da UFPI.
O macaquinho passou para a fase de reabilitação e treinamento que durou cerca de 3 meses nos viveiros do CETAS da SEMAR, visando a formação de um grupo de primatas da sua espécie (Sapajus libidinosus), nome comum do macaco-prego.
Nessa quinta-feira (6 de outubro), 10 macacos, entre eles Chico, ganharam a liberdade, sendo soltos numa Área de Soltura de Animais Silvestres (ASA), abrangendo a zona rural das cidades de Aroazes, Pimenteiras, São Miguel do Tapuio e Santa Cruz do Piauí, cadastrada no Ibama-PI.
Além dos primatas, foram soltos 22 jabutis e 13 cobras jiboias, animais manejados nos órgãos ambientais com histórico de criação ilegal, entregas voluntárias e resgates em vias públicas.
Monitoramento
A equipe de técnicos do Ibama, SEMAR e Bioparque pernamecem na área até este sábado (08) para avaliação dos animais e suporte nutricional, buscando identificar algum problema de adaptação com algum deles.
Segundo Fabiano Pessoa, veterinário do CETAS do Ibama-PI, o monitoramento é necessário para avaliar o processo de reabilitação dos animais. "Retornamos hoje (sexta-feira, 07) para o monitoramento e observamos alguns animais com comportamento positivo em liberdade explorando a área de mata e buscando alimentos naturais", destacou.
Sobre a reação de Chico, Pessoa comemorou a fácil adaptação. "Chico ganhou a liberdade com sua família de forma tranquila e bem ativo e ligado como sempre, foi logo buscando um alimento colocado nas árvores pelos técnicos, correndo em seguida para a mata", relatou.
Ele e as demais pessoas envolvidas na soltura comemoraram a liberdade dos animais silvestres que nunca deveriam ter sido capturados, retirados, vendidos e criados de forma irregular pelas pessoas. Pessoa explicou que a equipe responsável pela propriedade onde os animais foram soltos continuará o monitoramento e repassará as informações em caso de ocorrência de problema com os animais.
"Pela experiência com outras solturas anteriores da espécie aqui na área, como o local é bastante amplo e com abundância de oferta de alimentos naturais e fonte de água (rio perene), a probabilidade de capacidade de adaptação é muito boa, visto que os macacos são extremamente hábeis na exploração das áreas e busca de alimentos com variedade de itens (frutos, insetos etc)", finalizou.