Mãe chega ao Brasil com a filha após temer perda da guarda na Noruega

Pernambucana ficou abrigada com garota na embaixada brasileira em Oslo.

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A pernambucana Vitória Alves Jesumary, 37 anos, chegou ao Recife, na noite de quarta-feira (18), com a filha Sofia Jesumary Kroff, 3, após ficar quase 20 dias abrigadas na embaixada brasileira em Oslo, na Noruega. As duas vieram acompanhadas do ex-marido e pai da criança, o chileno Alberto Kroff.

Familiares os aguardavam no Aeroporto Internacional do Recife com cartazes de agradecimentos aos pedidos de ajuda compartilhados nas redes sociais, o que tornou o caso conhecido. Abraços apertados pareciam querer confirmar que os três chegaram mesmo em terras brasileiras. "Ontem [terça, 17], eu estava desesperada, achando que ia passar o Natal lá, mas eu não ia entregar minha filha de jeito nenhum. Nunca mais quero voltar lá", desabafou Vitória.

De acordo com a advogada Cláudia Belfort, prima de Vitória, a parente conheceu o chileno Alberto Kroff em Olinda e, há sete anos, começaram uma relação. Eles se casaram na Dinamarca e, há três anos, moravam na Noruega. Nesse intervalo, Sofia nasceu em São Paulo. Apenas Alberto e Sofia ganharam cidadania norueguesa.

A confusão começou quando Vitória entrou com processo de separação e guarda da filha na Justiça da Noruega. A partir de então, o conselho tutelar do país, chamado Barnevernet, passou a acompanhar o cotidiano da criança. Quem passava as informações era a escola onde a menina estudava.

"A escola informou que a menina recusava a alimentação, e ela não comia mesmo porque é brasileira e não gosta da comida de lá. Disse também que Sofia andava de patins e era líder em sala. Por tudo isso, eles acharam que ela estava com distúrbios por conta da separação. Achamos que nada mais era que pretexto para o conselho tutelar tirar a guarda e entregá-la para uma família substituta, que recebe um valor, em euro, no ato da entrega e ajuda mensal para manutenção da criança", explicou Belfort.

Alberto Kroff lembrou como foi o dia da fuga para a embaixada. Ele contou que foram até a casa dele informar que iriam buscar Sofia. "Eu fui pegá-la na escola e liguei para Vitória para saber o que fazer. Ela disse para eu ir para a embaixada brasileira. Eles [polícia] foram seguindo a gente, a 150 km/hora, mas consegui entrar", disse.

Vitória lembra que, quando chegou à embaixada, foi imobilizada por policiais. O ministro conselheiro da embaixada brasileira teve que intervir no caso para que ela e a filha ficassem abrigadas no local. "Ficamos bem acomodadas, mas não podíamos colocar o pé na rua. O meu maior medo era não saber se ia conseguir voltar ao Brasil ou se perderia ela de vez, pois eu não poderia mais vê-la, só quando ela completasse 18 anos", comentou.

Cláudia Belfort informou que a repercussão do caso na mídia ajudou a Justiça norueguesa a acelerar o processo de guarda, cedendo-a à brasileira. O problema é que a decisão do Barnevernet, que é um órgão autônomo, prevalece sobre a decisão da Justiça. Assim, para sair da Noruega com a filha, Vitória precisava da autorização do conselho.

O conselho, através do Itamaraty e embaixada brasileira, entrou em acordo com os pais, impondo condições para autorizar a saída do país estrangeiro, como garantia de moradia, despesas e visitas periódicas de Alberto. O chileno já afirmou que pretende voltar à Noruega, onde trabalha como engenheiro de computação. "Vou vir ao Brasil o máximo possível, pois a minha filha é o mais importante", afirmou.

Vitória, que é dona de casa, vai morar com a filha no bairro de Milagres, em Olinda, Grande Recife. Ela e o pai da criança disseram que o caso está encerrado, com a decisão pela guarda compartilhada. "O Brasil tem que fazer alguma coisa, pois muitas mães brasileiras estão perdendo os filhos lá. Eu tive sorte porque cheguei na embaixada. Agora, é começar a vida de novo, do zero", desabafou.

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