Sob forte comoção, o corpo de Diana Oliveira da Silva foi enterrado no cemitério de Guaratiba, na Zona Oeste do Rio, por volta das 10h desta quinta-feira (8). A mulher foi morta na segunda (5), no Recreio dos Bandeirantes, e teve seu bebê de 13 dias sequestrado. O corpo foi encontrado em um matagal. Na quarta (7), o delegado-adjunto da Divisão de Homicídios, Fábio Cardoso, afirmou em entrevista ao G1 que Michele Vieira Melo, de 24 anos, confessou ter assassinado a mãe da bebê Jenifer, antes de sequestrar a criança.
"Coração está arrasado. Não tem como falar. Não tem tamanho essa dor", disse Francisco de Assis, marido da vítima. "Vai ser triste o Dia dos Pais. Espero que seja julgada e condenada. Espero que ninguém passe por isso. A bebê esta bem, agora é enterrar minha esposa e correr atrás. Acho que é uma questão de dias. Espero passar o dia dos pais com ela [a bebê Jenifer]", afirmou ele no velório. Durante toda a cerimônia, o filho mais velho de Diana, de 12 anos, chorou muito.
Para João Batista, de 24 anos, irmão da vítima e que encontrou o corpo em um matagal, o culpado pela morte de Diana não pode ter uma pena branda. "Isso foi uma crueldade. Quero que seja feita justiça. Espero que ela não saia pra rua em 5 ou 2 anos", declarou.
"Ela era maravilhosa, não merecia isso não. Todo mundo está muito triste. Ela era uma pessoa que se você tivesse doente, ela ia na sua casa, fazia comida pra você. Todo mundo gostava dela", disse emocionada Ana Paula Luiz de 42 anos, que organizou o chá de bebê da Jenifer. "Ela queria tanto esse bebê", afirmou a amiga.
Na terça (6), o roubo da menina foi confirmado por Michele, mas ela havia negado o assassinato de Diana.
Ainda de acordo com o delegado, a vítima foi atraída por Michele com a oferta de roupas para a bebê.
"A Michele disse para a Diana que tinha várias roupas de bebê na casa dela e queria doar. Essa foi a maneira que ela conseguiu atrair a mãe da Jenifer para o matagal, onde cometeu o assassinato", explicou o delegado, que acrescentou ainda que a suspeita agiu sozinha:
"Ela [Michele] imobilizou a Diana, amarrou as mãos dela e depois a asfixiou. Tudo isso sozinha, sem a ajuda de terceiros. Michele escolheu a Diana por elas terem características físicas parecidas, logo, ninguém desconfiaria que o bebê não era dela", completou Fábio.
A suspeita foi autuada por homicídio e sequestro qualificado. Se condenada, ela pode pegar até 35 anos de prisão.
DNA e enterro
O bebê passou por exame de DNA para confirmar a paternidade da criança. A polícia aguarda o resultado do exame para dar prosseguimento a investigação.
Michele chegou a se passar pela mãe da recém-nascida quando abordada por agentes da PM, na tarde de terça. No Hospital Rocha Faria, para onde a criança e a falsa mãe foram levadas, ela admitiu o sequestro. O bebê passa bem.
De acordo com a Santa Casa de Misericórdia, que administra os cemitérios municipais, o enterro de Diana Oliveira da Silva está marcado para às 10h desta quinta-feira (8) no Cemitério de Ilha de Guaratiba, na Zona Oeste. A bebê Jenifer está sob custódia do Conselho Tutelar até sair o resultado do exame de DNA.
Crime e alívio do pai
O sequestro e o assassinato ocorreram um dia antes da confissão. Michele foi encontrada em Campo Grande por policiais da 40º BPM (Campo Grande) e reconhecida com a ajuda de imagens. Levada para a 35ª DP (Campo Grande), foi realizado o flagrante e a prisão. Na casa de Michele, foram encontrados objetos pessoais da mãe do bebê.
No mesmo dia, a mãe do bebê, Diana Oliveira da Silva, de 33 anos, foi encontrada morta, asfixiada em um matagal perto do posto de saúde onde houve o sequestro.
Francisco reconheceu os pertences da esposa e disse estar aliviado por ter reencontrado a filha. "O dia dos pais não vai ser completo sem a minha mulher, mas pelo menos encontraram minha filha. Eu quero abraçar muito ela, dar muito carinho. Agora eu vou ser pai e mãe", disse Francisco.
De acordo com o advogado, os indícios iniciais da investigação dão conta de que Michele queria engravidar. "Elementos podem indicar que ela tenha o desejo de ter uma criança e, com este afã, viu uma mulher com a fisionomia dela e a criança jovenzinha...", sugeriu.