Quase cinco meses se passaram desde que o menino Carlos Eduardo Souza Costa, de dez anos, morreu ao ser atropelado por um trator em um terreno na rua Pernambuco, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. O equipamento desceu, sem controle, um terreno baldio e cortou a criança ao meio. Desde 1º de outubro de 2012, a mãe e a avó de Cadu, como era conhecido, vivem cercadas pela sensação de impunidade. A revolta aumentou ao tomarem conhecimento de que o inquérito, que geralmente se encerra em 30 dias, não foi concluído até hoje.
Aline Souza Costa, 28 anos, passou um período em depressão. Emagreceu, deixou de trabalhar e chegou a ficar quatro dias sem comer. Aos poucos, recuperou as forças para buscar respostas sobre a morte do filho. Sem retorno, ela se diz perdida. A esperança, segundo ela, diminui a cada dia.
? Isso mudou toda a trajetória das nossas vidas. Como pode nada andar? Nosso sentimento é de derrota, de abandono. Tem dias que me acho um nada.
Aline e a mãe, Marisa Azevedo Costa, 51 anos, dedicam quase todo o tempo que têm a colher e juntar informações que possam apontar um rumo definitivo às investigações. Segundo a avó do menino, encontrar o culpado seria a única forma de minimizar a dor por não ver mais o neto subindo em árvores e correndo pelo quintal.
? Quando você vê a Justiça, pelo menos dá um conforto, é sinal de que ele não morreu em vão. Mas a gente não vê nada, estamos no chão, não conseguimos mais andar para frente, não conseguimos respirar.
Procuramos a Polícia Civil no final da tarde de quinta-feira, mas até a publicação da reportagem não havia conseguido repassar à assessoria de imprensa a insatisfação da família de Cadu sobre as investigações. De início, policiais da Delegacia da Posse (58ª DP) ouviram o condutor do trator. Contudo, nada foi esclarecido. Segundo Celso da Silva, 63 anos, o freio do trator travou e o veículo ficou descontrolado. Com o barulho da máquina, Cadu não teria escutado seu alerta para ?sair da frente?.
O dono do veículo, identificado como Valdecir, afirmou ter alugado o trator 25 dias antes do atropelamento. Segundo ele, em nenhum momento os responsáveis pela obra comunicaram problema no carro, versão contrária à contada pelos vizinhos, que disseram ter visto a draga perder o controle por falta de freio dias antes da morte do menino.
O responsável pela intervenção no terreno, um comerciante que mora na região há 20 anos, disse à polícia que não havia obra no local, mas sim uma limpeza da área. No depoimento, ele não citou qualquer defeito relacionado ao trator.