A manicure Bruna Lima Santos, de 22 anos, foi uma das vítimas que procurou a Polícia Civil do Distrito Federal para denunciar a suposta negligência médica e violência obstétrica que sofreu durante o parto, no Hospital Regional de Samambaia, no Distrito Federal. As informações são do G1.
A jovem deu à luz ao segundo filho no último dia 1º de fevereiro e afirma que o médico responsável pelo procedimento foi "bruto" desde o momento da internação. Durante o parto, o recém-nascido teve a clavícula quebrada.
"Se eu fizesse qualquer barulho, ele mandava eu calar a boca. Dizia que na hora de fazer era bom, então agora eu tinha que aguentar", conta a jovem.
Bruna afirma que, após o parto, o filho só chorava. "Ninguém podia encostar nele, eu não sabia o que estava acontecendo", afirma. Uma imagem do raio-x, mostra o osso da criança quebrado. Só dois dias após o nascimento do bebê, uma pediatra do hospital diagnosticou que o osso estava quebrado. Mãe e filho voltaram para casa e, após algum tempo, a fratura foi curada.
Ao lembrar do parto, a jovem afirma que ficou assustada. "Senti muito medo. Eu estava lá sozinha e não tinha nenhum acompanhante", conta.
Bruna afirma que, após o procedimento, procurou a polícia porque viu o filho sofrer. "Os pacientes têm que ser tratados com respeito. Espero que eles respondam por negligência", desabafa.
De acordo com a Polícia Civil, os casos de negligência e violência ocorreram no centro obstétrico do Hospital Regional de Samambaia. Os registros abrangem vários tipos de conduta inadequada, desde gazes esquecidas dentro de pacientes até curetagens mal feitas.
As vítimas foram identificadas e ouvidas pela 26ª Delegacia de Polícia (Samambaia). Desde setembro do ano passado, pacientes atendidas no HRSam têm procurado a unidade para registrar ocorrências relatando procedimentos mal sucedidos realizados no hospital.
Só neste ano, oito mulheres procuraram a delegacia para denunciar os casos. Segundo o delegado Guilherme Sousa Melo, da 26ª DP, a Polícia pretende instalar um único inquérito para apurar as ocorrências.
Pelos menos oito médicos estão sendo investigados, sendo que quatro deles foram citados em mais de uma ocorrência por suspeita de negligência médica e violência obstétrica.
O que diz o hospital
Questionada sobre os casos de negligência médica e violência obstétrica, a direção do Hospital Regional de Samambaia informou, em nota, "que recebeu denúncias envolvendo servidores da unidade".
"Todas as providências estão sendo tomadas pela direção e pela Superintendência da Região de Saúde Sudoeste", diz o texto.
A Secretaria de Saúde afirmou que "um processo sigiloso foi aberto" para investigar as denúncias. Sobre o caso específico do recém-nascido que teve a clavícula quebrada, a pasta disse que "não irá se manifestar até a apuração de todos os fatos".