Em depoimento à 12ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Centro) nesta quinta-feira (13/02/2020), Laryssa Yasmim Pires de Moraes, 21 anos, narrou detalhes de como executou a facadas a própria filha. Segundo a jovem, o crime ocorreu na cozinha do apartamento, de apenas três cômodos. O imóvel fica localizado na Chácara 148 da Colônia Agrícola Samambaia, em Vicente Pires. As informações são do Metrópoles.
Ela contou ter acordado por volta de 5h30 da manhã. Depois, colocou sobre a pia um colchão de berço e levou a filha até a bancada. “Tentou, primeiro, dar uma facada, mas não deu certo. A bebê começou a chorar. Foi aí que ela tentou sufocar com a mão, fechou os olhos e acertou outras duas vezes”, descreve o delegado Josué Ribeiro da Silva.
O primeiro golpe acertou a pequena Júlia Félix de Moraes, de apenas 2 anos, próximo ao pescoço, mas não chegou a perfurar a pele da menina, pois Laryssa teria usado pouca força. No entanto, na sequência, ela apunhalou a garota mais duas vezes e, dessa vez, a lâmina penetrou o tórax. Segundo as investigações, a barbárie foi praticada com uma faca de pesca, de ponta triangular.
Após tirar a vida da criança, Laryssa foi ao quarto onde o ex-companheiro e pai de Júlia dormia e tentou acertá-lo. Giuvan Félix teria acordado assustado e, na tentativa de desarmar a mulher, acabou se ferindo no rosto. Após tomar a faca de Laryssa, ele se deparou com a filha ensanguentada e acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) . “Enquanto Giuvan estava no telefone, ela guardou a faca e escondeu o colchão na área de serviço, que encontramos após voltarmos à casa”, afirma o delegado.
Mesmo contando todos os detalhes do assassinato, a mulher não apresentou um motivo. Os investigadores suspeitam que ela não aceitava o fato de os avós maternos e paternos terem procurado a Justiça para tentar tirar a guarda da menina. Laryssa foi indiciada por homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e por impossibilitar a defesa da vítima. Ela ainda responderá pelo crime de lesão corporal praticada contra Giuvan.
Laryssa foi submetida a exame toxicológico. A polícia quer saber se ela estava sob efeito de drogas no momento do crime. Como Giuvan afirma não ter ouvido nenhum grito do bebê, a hipótese levantada pelo delegado é que ele possa ter sido dopado. “Todo o prédio ouviu, menos ele”, conta. O pai da criança, inclusive, diz se lembrar de ter tomado um suco feito por Laryssa.
Briga pela guarda
Giuvan e Laryssa estavam morando juntos desde janeiro, quando a mulher foi expulsa de casa pela mãe. Como não tinha onde ficar, ela pediu para ficar na casa dele por um tempo.
Como a acusada não tratava bem a criança, Giuvan brigava pela guarda. Ao buscar informações na Defensoria Pública, no entanto, ele foi orientado a pedir que Laryssa saísse de casa.
Foi aí que, na última semana, foi dado o ultimato para que ela deixasse o imóvel, manobra apoiada, inclusive, pela avó materna da criança. Apesar dos sucessivos pedidos de Giuvan, ela sempre adiava a saída do imóvel. “Chegou a dizer que voltaria para a antiga namorada, para irritar Giuvan, mas não surtiu efeito”, diz Josué.
Facas periciadas
Todas as facas da casa serão periciadas. A 12ª DP contará com a ajuda de papiloscopistas da PCDF para tentar elucidar o assassinato.
De acordo com o delegado Josué Ribeiro, o apoio desses especialistas ajudará a saber qual faca foi utilizada para desferir os golpes em Júlia. “Os cabos dessas facas serão analisados para achar digitais da mulher, ver qual a suspeita usou”, explica.
Outra forma de entender o caso será a busca por testemunhas. Segundo o delegado, uma pessoa é esperada para ser ouvida, e os agentes da DP estão em busca de outras.