Certas opiniões são tão despidas de propósito ou cabimento que não merecem muito mais do que uma resposta objetivamente impaciente, direta e franca. E nada talvez seja mais surreal do que alguém se ofender diante de uma mãe amamentando um bebê.
Foi o que aconteceu em uma praça de alimentação de um shopping. Um bilhete foi enviado a uma mãe, que nada fazia além de amamentar sua filha recém nascida, lhe informando que ela não poderia dar de mamar em público. Ainda bem que o momento foi registrado, mesmo que em foto, pois sua resposta foi precisa e perfeita: “Meu amor, isso aqui é uma praça de alimentação, e ela está se alimentando. Com licença”, e sorriu, sem deixar de alimentar sua filha nem por um segundo.
A ideia de alguém se incomodar com uma cena tão bonita, corriqueira e natural é absurda em camadas tão diversas que se tornaria quase cômica, não fosse trágica. Somos mamíferos, para começar – é assim que os bebês mamíferos sobrevivem, se nutrem, crescem. Além disso, com raríssimas exceções, todos nós – e quando digo nós, me refiro à humanidade inteira – o fizemos. Por fim, trata-se de um seio e nada mais, uma parte do corpo humano, servindo o propósito mais importante – e, repito, natural – que pode existir: dar e manter a vida. Se ofender com isso é que parece realmente um problema.