Mãe guerreira: Vencendo as dificuldades da vida com três filhos para criar

Com 12 anos de idade, ela foi morar em uma casa de família, sendo empregada doméstica, cozinheira e babá.

Após muitas batalhas e sofrimento, ela hoje curte os filhos em paz | Kelson Fontenele
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Francisca Sousa Silva, 43, é mãe de 3 filhos (Miriam, de 22 anos; Raquel, de 19 anos e Ismael, de 15 anos), além de Sara (que se estivesse viva, teria 25 anos). Ela cresceu em meio a muitas dificuldades.

O pai era alcoólatra, e costumava a chegar em casa bêbado quebrando muitas coisas. A infância não foi um período muito bom, até mesmo por conta de dificuldades financeiras, a família dela conheceu de perto o que é a pobreza em seu estágio de maior calamidade.

Mas, parece que ser guerreira já é coisa de família, começando por Maria Conceição (mãe de Francisca) que criou 13 filhos. Para ajudar a família, Francisca com apenas 5 anos de idade, começou a trabalhar em casas de família para ajudar sua mãe com gastos voltados a alimentação e aos estudos. Já com dez anos de idade, foi quando trabalhou em olarias, chegando a carregar 5 quilos de tijolos por dia.

Com 12 anos de idade, ela foi morar em uma casa de família, sendo empregada doméstica, cozinheira e babá.

Cansada da vida que levava, com 17 anos, decidiu ir morar em São Paulo, com uma amiga que namorava seu irmão.

Foi nesta metrópole brasileira que Francisca conheceu o pai de seus filhos, José Francisco.

Quando engravidou de sua primeira filha, Sara. Foi mais uma época de sofrimento, no qual sofreu maus-tratos das pessoas que moravam com ela em São Paulo, às vezes, chegando até a baterem na barriga dela. No nascimento de Sara, houve complicações durante o parto, e por conta disso Francisca ficou internada durante 3 dias, debilitada.

?Muitas pessoas falam muito bem de São Paulo, mas para mim, a única lembrança boa que tenho de lá são só minhas filhas, que nasceram lá?, relata.

Já gestante de sua segunda filha, Miriam, ela se mudou com o marido e a filha primogênita para a cidade litorânea de Caraguatatuba, o que foi um período de muitas dificuldades também.

Francisca se internou três vezes, nesta época, para ter sua filha, mas devido a complicações, a vasta experiência de uma médica foi um dos grandes fatores que a ajudou neste momento de dar a luz pela segunda vez.

Porém, ela ainda ficou no hospital durante 5 dias, por causa de uma hemorragia. Quando recebeu alta, não tinha para onde ir, e se acomodou com sua família em uma casa de caseiro de uma casa de praia de Caraguatatuba.

Havia grandes dificuldades financeiras, com o marido trabalhando como ajudante de pedreiro, não havendo recursos suficientes para uma vida confortável.

?Quando a Miriam nasceu, ela não tinha nem um macacão para vestir, ela não tinha nada, nada mesmo?, diz Francisca emocionada ao falar da filha.

Francisca teve que se afastar dos estudos para poder trabalhar e conseguir criar seus filhos.

Com o tempo, essa mãe teve condições para voltar à sua terra natal, na época já com três filhas: Sara, Miriam e Raquel. Quando ela pensou está tudo bem, veio o momento mais triste de sua vida.

Após dois anos de volta ao Piauí, durante um passeio de família a um sítio localizado na cidade de Barras, ela perdeu a sua filha mais velha. Sara, na época com apenas 7 anos de idade, se afogou em uma piscina. ?Até hoje quando vejo toda minha família reunida em casa, sinto que falta alguém. É um espaço que não é preenchido?, diz Francisca emocionada.

A chegada dos outros filhos: Raquel e Ismael foi um período mais tranquilo na vida da família Sousa Silva. Para Francisca, Raquel é a filha que mais com ela em seu jeito de ser, ?se a Raquel está sem dinheiro, ela inventa algo, vende bombom, vende roupa, vende óculos... ela é ousada, ela é como eu, sabe se virar?, afirma.

Já a chegada de Ismael foi planejada, após a grande perda de sua vida, Francisca ouviu a frase ?Nós éramos 5? de seu marido, o que levou ela a querer dar a luz pela quarta vez. Hoje, Francisca voltou a estudar após 22 anos fora da sala de aula, e se sente vitoriosa pelas conquistas de seus filhos, ?Eles são o que eu queria ter sido para a minha mãe?, diz.

Apesar das dificuldades, Francisca de sente realizada por ser mãe, para ela os filhos são dádivas e devem ser muito amados. ?Meu coração já dói em pensar que um dia meus filhos vão se casar e vão deixar seus quartos aqui em casa vazios. Mas, ser mãe é isso: é também saber deixar seus filhos viverem suas vidas?, afirma Francisca.

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