?Estou bastante atordoada". Foi com muita emoção que Fátima Buchmann resumiu o que sentia durante velório do economista Gabriel Buchmann, de 28 anos, que morreu quando fazia uma trilha no monte Mulanje, no Maláui, na África.
"Estou grata por todo o carinho que o Brasil demonstrou pelo Gabriel. Ele semeou o bem e precisamos de pessoas batalhando pelo que é certo?, completou, emocionada, a mãe do rapaz.
A irmã Nina homenageou o economista vestindo a camisa do Flamengo, time de Gabriel. As portas da capela 1, do Cemitério Memorial do Carmo, no Caju, Zona Portuária do Rio, ficaram fechadas durante toda a cerimônia.
O corpo começou a ser velado por volta das 10h30 da manhã desta segunda-feira (10) e deve ser cremado na terça (11).
Corpo levou 7 horas até cabana
Segundo a namorada de Gabriel, Cristina Reis, 28 anos, que acompanhou a equipe de resgate, o corpo do economista levou sete horas para chegar à cabana mais próxima do local onde foi encontrado.
Primeira a ver as fotos da máquina do namorado, ela acredita que ele morreu dormindo e sem sentir dor.
?Não tive acesso a laudos, mas pelas fotos ele morreu dois ou três dias antes de ser encontrado. Ele teve cuidado, levou roupa de frio, mas foi pego por uma mudança brusca de temperatura?, contou Cristina.
No domingo (9), o Fantástico mostrou as últimas imagens do economista registradas na câmera fotográfica encontrada com ele, na quarta-feira (5).
As fotos mostram que o brasileiro conhecia técnicas para enfrentar as baixas temperaturas e conseguiu atingir o objetivo da escalada. Ele chegou ao cume do monte Mulanje, no Maláui, no dia 17 de julho; e estava agasalhado com gorro e cachecol.
Há registros feitos nos dias seguintes. São imagens que mostram o frio excessivo na montanha. O economista foi visto com vida pela última vez quando se preparava para a escalada.
O guia contratado para subir com Gabriel disse que foi dispensado no dia 16 de julho, quando o brasileiro decidiu seguir sozinho para percorrer a trilha mais rapidamente. No dia seguinte, o tempo mudou e as temperaturas caíram.
Durante mais de duas semanas, uma equipe de canadenses ajudou nas buscas. Eles chegaram a passar bem perto de onde Gabriel estava. Mas o corpo só foi localizado por camponeses a 2 mil metros de altitude, numa espécie de ninho feito por Gabriel para se proteger do frio. A necrópsia concluiu que a causa da morte foi a baixa temperatura da montanha.
O continente africano era a última escala de uma viagem de estudos que Gabriel fazia desde 2008 por países pobres do mundo. O corpo chegou ao Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, no fim da tarde de domingo (9), e foi levado de carro para o Rio.