Raiane da Silva Martins nasceu com defici?ncia auditiva severa e profunda, o que significa perda auditiva superior a 90% da audi??o. Quando beb?, o pediatra n?o detectou o problema, ent?o Iranilda Ribeiro, m?e de Raiane, s? percebeu que a filha era surda aos dois anos de idade, quando a menina n?o respondia aos est?mulos e n?o conseguia aprender a falar. Esse problema n?o ? particular de Raiane, no Brasil existem 5 milh?es
de pessoas portadoras de defici?ncia auditiva, dos quais 113.294 somente no Piau?, segundo dados do Censo 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat?stica (IBGE).
Pensando que poderia ser algum problema na l?ngua, procurou um otorrinolaringologista. Este n?o detectou nenhuma disfun??o na l?ngua, mas imediatamente percebeu a surdez da menina. Desde ent?o Iranilda Ribeiro come?ou a enfrentar uma maratona para tentar ajudar a filha. O primeiro
passo era o tratamento junto a um fonoaudi?logo.
O ?nico local credenciado pelo SUS para atender deficientes auditivos em Timon, Maranh?o, onde a fam?lia mora, era uma escola para deficientes mentais. A menina n?o se adaptou. Durante dois anos, Iranilda Ribeiro tentou encontrar uma escola para que a menina pudesse estudar.
?Fui em mais de cinco escolas p?blicas de Timon na tentativa de matricul?-la. Uma delas at? aceitou que ela se matriculasse, mas depois de algumas semanas, alegaram que ela n?o estava conseguindo acompanhar as aulas e me pediram pra retir?-la do col?gio?, afirma a m?e.
Quando a menina completou quatro anos, Iranilda Martins resolveu ent?o procurar a Associa??o de Pais e Amigos de Deficientes Auditivos (Apada), em Teresina. L? Raiane foi alfabetizada e passou a ter acompanhamento da equipe multidisciplinar. A m?e tamb?m aprendeu a linguagem de sinais e hoje al?m de conseguir se comunicar com a filha, se tornou volut?ria da entidade e ajuda outras fam?lias com o mesmo problema.
Raiane, hoje com 10 anos de idade, est? na segunda s?rie de uma escola p?blica normal e faz refor?o na Apada. Iranilda Martins teve que se reunir com outras m?es e crian?as surdas e conversar com a Secret?ria de edcua??o de Timon para que a crian?a fosse aceita na escola. ?Hoje, al?m de poder conversar com ela e saber o que ela quer e pensa, eu sei que ela ter? uma oportunidade maior na vida, j? que est? podendo estudar?, afirma a m?e.
Casos como o de Raiane s?o cada vez mais comuns. A lei hoje defende que todas as escolas de ensino p?blico devem oferecer condi?es para que alunos com algum tipo de defici?ncia tenham acesso ao ensino regular. Segundo Viviane Farias, gerente de educa??o especial da Seduc, algumas
escolas de Teresina j? t?m condi?es de receber alunos deficientes. ?Temos escolas em que temos at? quinze alunos com defici?ncia auditiva matriculados, mas a meta aumentar ainda mais este n?mero?, afirma.